Espanha já tolera adesão da Escócia à UE, e avisa Londres sobre Gibraltar

Num momento em que se agudizam tensões diplomáticas por causa do "Brexit", ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol joga as suas cartas.

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Bruxelas afirmou nenhum pacto entre a UE e o Reino Unido que afecte Gibraltar poderá ser assinado sem consentimento espanhol Jon Nazca/REUTERS

Espanha, que está em confronto com o Reino Unido por causa da situação de Gibraltar após o “Brexit”, parece estar a suavizar a sua posição relativamente à possibilidade de uma Escócia independente solicitar a adesão à União Europeia. “Inicialmente, acho que não a bloquearíamos”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros de Madrid, Alfonso Dastis.

Por causa do ferrenho desejo de independência da Catalunha, e de outras questões secessionistas em Espanha – veja-se o País Basco –, a possibilidade de uma região de país da UE abandonar a União e pedir depois adesão tem merecido sempre um rotundo não.

Agora, em entrevista ao El País, Dastis não foi tão taxativo. Frisou no entanto que a Escócia teria de deixar primeiro a UE com o Reino Unido. “O resto veremos”, disse. “Se, aplicando as leis, o resultado do processo [do “Brexit”] for a divisão do Reino Unido, qualquer parte do país que se venha a tornar um Estado e queira juntar-se à UE terá de fazer um pedido de adesão e seguir os passos estipulados”, sublinhou.

Durante a última semana, em que Londres deu o tiro de partida para o processo de negociações para a saída do Reino Unido, subiram as tensões com Madrid por causa do território cedido por Espanha ao Reino Unido em 1713, Bruxelas afirmou que nenhum pacto que afecte Gibraltar poderá ser assinado sem consentimento espanhol. Londres reagiu agressivamente, dizendo que defenderá Gibraltar de forma “implacável”.

O ministro espanhol não quis falar sobre possíveis vetos, mas disse ter apreciado a posição da UE. “Quando o Reino Unido abandonar a União Europeia, o parceiro europeu será Espanha, e no caso de Gibraltar a UE será obrigada a colocar-se do lado de Madrid”, disse ao El País. “Acho que não é preciso falar de vetos.”

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