Liderança do Deutsche Bank pressionada a fechar acordo com reguladores

Políticos e líderes empresariais alemães deixam no ar acusação aos EUA de estarem a lançar “guerra económica” com as multas ao Deutsche Bank.

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O CEO do Deutsche Bank, John Cryan, desloca-se esta semana aos EUA Reuters/KAI PFAFFENBACH

John Cryan e os restantes membros da administração do Deutsche bank estão numa corrida contra o tempo para garantirem o mais rápido possível um acordo favorável com as autoridades reguladoras dos Estados Unidos, que retire do mercado o clima de incerteza que actualmente se sente em relação ao banco.

De acordo com o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, o presidente executivo do maior banco alemão irá viajar esta semana até Washington, acompanhado de vários membros da sua equipa. A presença nos encontros de Outono que são organizados pelo Fundo Monetário Internacional é o motivo oficial para a viagem, mas será feita uma tentativa para fecharas negociações relativas à indemnização que o banco alemão terá que pagar às autoridades norte-americanas por causa do seu papel na crise financeira internacional de 2008.

Em Setembro, foi a indicação de que os reguladores nos EUA estavam a pedir 14 mil milhões de dólares de indemnização para que o processo contra o Deutsche Bank fosse fechado que lançou as acções do banco para uma série de descidas muito fortes, que chegaram o colocar as cotações para um valor mais de 50% abaixo do arranque do ano.

O montante referido criaria, caso se concretizasse, um défice difícil de preencher nos rácios de capital do banco, motivo pelo qual começou a ser motivo de especulação uma eventual intervenção do Estado alemão para resgatar o Deutsche Bank.

Na passada sexta-feira, contudo, foi noticiado por alguns órgãos de comunicação social que um acordo com as autoridades reguladoras norte-americanas envolvendo uma indemnização de 5,4 mil milhões de dólares (um valor bastante mais baixo que os 14 mil milhões falados inicialmente) estaria próximo de ser assinado. A notícia ainda não foi confirmada, mas foi o suficiente para as acções do Deutsche Bank subirem mais de 6% nesse dia.

É natural, por isso, que a grande prioridade da administração do banco seja neste momento colocar um ponto final no conflito com as autoridades norte-americanas, esperando que a estabilidade regresse aos mercados depois de duas semanas de grande agitação.

Entretanto na Alemanha, líderes políticos e empresariais estão a serrar fileiras para defender o maior banco do país. E as acusações dirigidas aos Estados Unidos sobem de tom.

Peter Ramsauer, presidente da comissão de Economia do parlamento alemão não poupou nas palavras e afirmou em entrevista ao Welt am Sonntag que as acções das autoridades reguladoras norte-americanas “têm as características de uma guerra económica”. Na mesma linha, o deputado do parlamento europeu Markus Ferber defendeu que aquilo que se estava a assistir era a uma resposta directa às acções da Comissão Europeia contra a Apple no caso dos impostos pagos na Irlanda.

Do lado das grandes empresas alemãs, que fazem do país um líder mundial nas exportações, a preocupação é também cada vez mais notória em relação ao impacto que um acentuar da crise no Deutsche Bank teria para os seus negócios, deixando também no ar a ideia de um acção propositada para prejudicar os interesses alemães. “A indústria alemã precisa de um banco alemão que nos acompanhe pelo mundo”, afirmou o presidente da BASF, alertando que “os jogos de poder que andam por aí não são transparentes. 

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