Acções do BPI suspensas a aguardar resultado da assembleia geral

AG pode voltar a ser inconclusiva, por falta de decisão sobre providências cautelares apresentadas por um accionista.

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Sem desblindagem, o BPI continua impedido de avançar com várias medidas.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) suspendeu esta terça-feira as acções do BPI, uma decisão que se prende com a realização de mais uma assembleia geral (AG) de accionistas do banco, que pode voltar a ser inconclusiva.

À semelhança de suspensões anteriores, a última das quais na AG de 22 de Julho, a CMVM manterá a suspensão da negociação das acções do BPI “até à divulgação de informação relevante sobre o emitente”, avança o regulador do mercado em comunicado.

A AG desta terça-feira deveria votar a proposta de desblindagem de estatutos avançada pela administração do banco, mas pode ser novamente suspensa, uma vez que ainda não há decisão judicial sobre as duas providências cautelares apresentadas pelo accionista Violas Ferreira Financial.

Aquelas providências, que o BPI já contestou, pretendem anular a eleição de Carlos Osório de Castro para presidente da Mesa da Assembleia, e impedir a votação da proposta de desblindagem de estatutos apresentada pela administração do banco.

Sem a desblindagem de estatutos, a oferta pública de aquisição lançada pelo maior accionista da instituição, os espenhóis do Caixabank, não avança. Um cenário que provocou uma forte desvalorização das acções na sessão desta segunda-feira, onde chegaram a perder mais de 5%, encerrando com uma queda de 3%.

Os direitos de voto do BPI estão bloqueados a partir de 20% do capital detido por cada accionista.

A Violas Ferreira Financial, detentora de 2,6% do banco, contesta o preço da oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo Caixabank, que controla 45% do capital. A estrutura accionista da instituição conta ainda com a angolana Isabel do Santos (18%).

A queda das acções aconteceu depois de o jornal online espanhol El Confidencial avançar a possibilidade de o Caixabank retirar a OPA, na sequência do impasse jurídico criado pelas duas providências cautelares apresentadas.

Contactado pela Lusa, o Caixabank limitou-se a dizer que "não comenta" a notícia do jornal digital e fonte do BPI também disse não comentar a notícia avançada em Espanha.

O recente decreto-lei do Governo, criado com o propósito de “desbloquear” a guerra entre accionistas do banco, o chamado “diploma BPI”, deveria garantir a aprovação da proposta de desblindagem, mas falhou, pelo menos por enquanto, esse propósito.

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