Eleições para sucessão de Farage lançam caos no UKIP

Principal favorito à liderança foi afastado da corrida por ter entregue processo de candidatura depois do prazo. Apoiantes da linha de Farage denunciam "golpe"

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Woolfe atribuiu a problemas informáticos a entrega da candidatura após o prazo Leon Neal/AFP

O UKIP foi o partido que melhor soube captar o descontentamento entre os eleitores britânicos e a sua mobilização foi determinante para a vitória dos que defendiam a saída do Reino Unido da União Europeia. Mas pouco mais de um mês depois do referendo, a escolha de um sucessor para Nigel Farage, o seu líder incontestado, deu origem a um tumulto que ameaça dividir a formação populista.

O processo não se adivinhava fácil – Farage liderava, com um breve hiato, o Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) desde 2006, numa década em que acumulou todo o protagonismo. Quando no início de Julho anunciou que iria deixar o cargo, tendo cumprido a ambição de conseguir a saída britânica da UE, não havia muitos outros nomes na formação que fossem conhecidos do grande público.

Suzanne Evans, que foi vice-presidente e porta-voz do partido, era uma das excepções, mas foi impedida de se candidatar por estar suspensa (foi acusada de deslealdade, depois de críticas a Farage e a um candidato do partido). Também Douglas Carswell, o único deputado do UKIP em Westminster e um crítico do discurso anti-imigração que Farage adoptou, se excluiu à partida da corrida. Restava Steven Woolfe, porta-voz do UKIP para a imigração e finanças, mas nesta quarta-feira o comité executivo do partido exclui-o da corrida. A razão: a sua candidatura foi entregue 17 minutos depois do prazo oficial.  

Woolfe declarou-se “desiludido” e acusou o comité de “não ser eficaz, nem profissional”, alegando que só não entregou a candidatura a tempo devido a falhas na aplicação informática. Mas os seus apoiantes mostram-se menos resignados: três membros do comité demitiram-se em protesto contra a decisão e defendem agora uma moção de censura aos restantes elementos; e Arrron Banks, um dos principais financiadores do partido, falou “num golpe” a mando de Carswell contra os seguidores da linha de Farage. “Isto não é uma divisão, é um cisma”, disse o milionário ao jornal Guardian, assegurando que 99% dos militantes estavam do lado de Woolfe, e não excluindo apoiar a formação de um movimento alternativo.

Com Woolfe afastado, restam seis candidatos, a mais conhecida dos quais (e a favorita das casas de apostas) é Diane James, eurodeputada que foi um dos rostos do partido durante a campanha pelo “Brexit”.

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