Costa diz que o país se "livra do diabo" com estabilidade

Primeiro-ministro reage à dramatização que Passos Coelho ensaiou numa reunião com deputados do PSD e na qual disse que "em Setembro vem aí o diabo".

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Miguel Manso

O primeiro-ministro, António Costa, afirma que é "com os olhos postos no futuro", com "estabilidade" e "políticas públicas certas" que o país se "livra do diabo", acrescentando que vai ser possível cumprir este ano as metas do défice.

Para o líder do executivo, "se não nos concentrarmos na execução dos seis pilares fundamentais do Plano Nacional de Reformas (...) estaremos certamente daqui a uns anos, não a celebrar que este foi o primeiro ano em que vamos conseguir cumprir as metas do défice, mas estaremos novamente a discutir sanções por não cumprirmos as metas do défice".

Na cerimónia do lançamento de Laboratórios Colaborativos na área aeroespacial e da mobilidade eléctrica, que decorreu no CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto – Costa afirmou também que, "felizmente, o diabo já lá vai" e que o Governo está "centrado de novo naquilo que é essencial", aludindo uma frase que Pedro Passos Coelho terá dito na reunião da bancada do PSD na última terça-feira.

"Gozem bem as férias que em Setembro vem aí o diabo", disse o líder social-democrata, na reunião que decorreu à porta fechada.

Para Costa, "houve um momento de hesitação e em que se pensou que podíamos voltar a andar para trás e que podíamos voltar a ser competitivos não com base no conhecimento mas com base nos baixos salários, não apostando na inovação das energias renováveis mas discutindo o custo do investimento da energia renovável, em que se sacrificou a mobilidade eléctrica".

"Mas felizmente o Diabo já lá vai e estamos agora centrados de novo naquilo que é essencial: ter os olhos postos no futuro e perceber que só seremos competitivos mesmo enquanto investirmos na educação, do pré-escolar à educação de adultos", vincou.

António Costa apontou que a assinatura no CEiiA do contrato do desenvolvimento de um Laboratório Colaborativo na área do aeroespacial e da mobilidade eléctrica "significa o compromisso de quem produz o conhecimento, de quem o pode transmitir às empresas e das empresas em que é essa inovação que vai ser o futuro" do país.

Também com a assinatura de um protocolo para a concretização de um novo veículo eléctrico interactivo e com capacidade autónoma em meio urbano é possível perceber "que, de facto, é preciso ter os olhos postos no futuro", defendeu.

"E para isso é necessária estabilidade nas políticas públicas, para que elas possam ter continuidade", disse. "Nós não podemos dizer que o conhecimento é hoje prioritário e voltar a dizer amanhã que o que é prioritário é baixar salários, não.”

Costa alertou que o país não pode voltar a equivocar-se quanto ao caminho a desenvolver no futuro, defendendo uma aposta "no emprego qualificado, em emprego melhor, porque é esse que fixa e atrai talento".

"Foi muito bom termos sabido que o desemprego baixou 4,4% de Maio para Junho e 4,7% de Junho passado para Julho deste ano, mas o desemprego não continuará a descer sustentadamente se andarmos para trás, só descerá sustentadamente se apostarmos na inovação e, para além de diminuirmos o desemprego, aumentarmos o emprego de qualidade, o emprego técnico, cientifico, o emprego que gera valor", sustentou.