PSD dramatiza situação económica: “Vem aí o diabo”

Passos Coelho acha que degradação da economia será visível "muito antes das autárquicas".

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Enric Vives-rubio

Passos Coelho já se despediu dos deputados do PSD, mas a mensagem foi num tom catastrofista. “Gozem bem as férias que em Setembro vem aí o diabo”, disse aos parlamentares do PSD, na última reunião da bancada, na passada terça-feira. O mesmo dramatismo sobre a situação económico-financeira do país foi ensaiado dois dias depois no Conselho Nacional do partido.

O líder do PSD tem vindo a dramatizar o seu discurso interno sobre as consequências para a economia e para a banca da política do Governo, colocando o foco já no próximo Orçamento do Estado. Esse pode ser o "diabo", tendo em conta as pressões internas e externas ao Governo que podem estar associadas à proposta Orçamental. 

Apesar de antever uma degradação dos indicadores económicos nos próeximos tempos, Passos Coelho sustenta que a troca de recados entre os partidos que apoiam o Governo é fogo de vista e que é desses partidos a responsabilidade de assegurar uma solução governamental estável. O líder do PSD mantém a posição de remeter para a "geringonça" a responsabilidade de fazer aprovar o Orçamento. 

Os conselheiros nacionais do PSD reuniram-se para aprovar os princípios estratégicos das autárquicas que aponta o calendário: as candidaturas às câmaras têm o limite máximo do primeiro trimestre para serem apresentadas. Um timing que agradou às estruturas. Na reunião, que decorreu à porta fechada, os dirigentes também ficaram a saber que, na perspectiva de Passos Coelho, o Governo também já sofrerá desgaste por altura das eleições, no Outono do próximo ano. A degradação do cenário macroeconómico será visível “muito antes das autárquicas”, segundo Passos Coelho, citado pela Lusa que refere uma fonte oficial.

O líder do PSD reiterou as críticas à política do Governo por desperdiçar o capital de credibilidade conquistado pelo anterior executivo PSD/CDS e disse que “há uns patetas alegres que acham que nada se passa”. No discurso do Conselho Nacional e também da bancada parlamentar não faltou a preocupação com a situação da banca portuguesa e também italiana que considerou poder ser um risco externo para Portugal. Mesmo em declarações públicas, Passos Coelho foi muito duro sobre a actuação do Governo perante o sistema financeiro, qualificando como “quase criminoso” o que se está a fazer na véspera da venda do Novo Banco. 

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