Particulares com dívida do BES atingida pelo Banco de Portugal também perdem investimento

Regulador esclarece que o que conta é a titularidade dos títulos à data da intervenção.

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BES liderou as perdas ao cair 3,77% Sara Matos

As cinco linhas de obrigações seniores que estavam nas mãos do Novo Banco e que voltaram para o BES “mau” foram vendidas a investidores institucionais, mas, depois disso, parte dessa dívida foi revendida a particulares. E, se até aqui pairava a dúvida sobre se estes últimos teriam algum carácter de excepção, o Banco de Portugal veio esta terça-feira esclarecer que a “retransmissão para o Banco Espírito Santo, S.A. abrange todas as obrigações” afectadas pela medida em causa, “independentemente da titularidade dos títulos” à data de 29 de Dezembro de 2015, dia da intervenção do regulador e que permitiu recapitalizar o Novo Banco. As cinco emissões visadas, recorda o Banco de Portugal, foram dirigidas “a investidores qualificados”.

Na segunda-feira, o Jornal de Negócios já dera conta de que havia vários investidores particulares afectados pelas obrigações seniores visadas pelo Banco de Portugal, mencionando a existência de, pelo menos, mais de uma dezena de casos. Embora se desconheça em que contextos adquiriram estes instrumentos de dívida, os investidores com obrigações ligadas às cinco emissões em causa vêem agora o seu investimento reduzido a zero, ou perto disso.

Antes de se iniciar o novo ano, o Banco de Portugal tomou a decisão de fazer regressar ao BES obrigações seniores com um valor de balanço de 1985 milhões de euros, que estavam até aqui protegidas no Novo Banco. A estratégia foi tirar um passivo desta instituição financeira e melhorar os seus rácios, em vésperas de avançar com uma segunda tentativa de venda. Apenas parte das obrigações seniores foram afectadas, mais concretamente cinco séries com maturidades que vão de Julho de 2016 até Junho de 2024,com uma denominação mínima de 100 mil euros.

De fora ficaram outros títulos de dívida emitidos pelo BES, com uma dimensão total bem superior. É o caso das três séries de obrigações emitidas inicialmente pelo banco no final de 2011 e início de 2012, que beneficiam de uma garantia do Estado e que têm um valor nominal de 3500 milhões de euros.

Numa outra operação, quem também ficou a salvo foram os detentores de obrigações seniores emitidas pelo Banif, no valor global de 170 milhões de euros. Estes investidores, após a medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal, são agora credores do Santander Totta (que pagou 150 milhões de euros pelo Banif).

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