Barcos com migrantes chegaram a base britânica em Chipre

É a primeira vez que na actual crise há notícia da chegada de refugiados ou migrantes àquela zona, que está sob jurisdição britânica.

Foto
A base de Akrotiri é usada para lançar ataques britânicos ao Estado Islâmico, no Iraque ROYAL NAVY/AFP

Quatro barcos com 110 migrantes, entre eles crianças, chegaram esta quarta-feira de manhã à base da RAF, a Força Aérea do Reino Unido, em Akrotiri, Chipre. É a primeira vez que, na actual crise migratória, há notícia da chegada de refugiados ou migrantes a esta base sob jurisdição britânica, uma das duas que o Reino Unido manteve na ilha, que foi uma colónia sua até 1960.

"De momento, a nossa prioridade é garantir que todos estão bem", disse o Ministério da Defesa britânico, em comunicado. Os recém-chegados, que incluem muitas crianças e são provavelmente sírios - o porto de Tartous, na Síria, fica a apenas 241 km de distância, cruzando o mar - foram transferidos para uma área de recepção temporária.

O Ministério da Defesa britânico recordou que existe um acordo do Reino Unido com a República de Chipre "2003, para garantir que as autoridades cipriotas assumam a responsabilidade em situações como esta". O jornal The Guardian perguntou ainda a um porta-voz deste Ministério se há alguma hipótese de estas pessoas virem a ter asilo no Reino Unido: "Pelo nosso entendimento, não."

Mas o Alto Comissariado das Naçõs Unidas para os Refugiados tem um entendimento diferente, sublinha o Guardian. "De acordo com os termos do acordo de 2003, os requerentes de asilo que cheguem directamente às áreas de soberania das bases são da responsabilidade do Reino Unido, embora possam ter acesso a serviços na República de Chipre, pagos pelas bases"

A base de Akrotiri, na costa Sul de Chipre, é usada para os ataques aéreos britânicos ao autoproclamado Estado Islâmico, no Iraque.

Chipre, que também pertence à União Europeia, já rececebeu mais de meio milhão de refugiados, mas na actual crise, ao contrário do que aconteceu com ilhas gregas e italianas do Mediterrâneo, não tem sido tão procurada, devido ao seu relativo isolamento. Dali é mais difícil chegar ao continente e partir para outros países onde pedir asilo. 

Segundo os mais recentes números do ACNUR, já chegaram à União Europeia 643 mil refugiados através do Mediterrâneo, e cerca de meio milhão de pessoas entraram na Europa pela Grécia, fugidas em boa parte à guerra na Síria. As mortes no mar, até agora, são 3135.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários