Uma actriz em pico de forma

Uma fita modesta que saltou para a ribalta graças a mais uma performance notável de Julianne Moore.

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Cinecartaz: Trailer O Meu Nome é Alice

Ponto prévio: Julianne Moore merece no geral todos os prémios que se lhe quiserem dar e mais algum, mesmo quando os filmes não estão à altura do seu talento.

Dito isto, não é de surpreender que tenha sido nomeada para os Óscares por O Meu Nome é Alice, onde interpreta uma professora de linguística diagnosticada com uma forma rara e precoce da doença de Alzheimer. É o tipo de papel à medida dos Óscares – actriz de renome a interpretar deficiente ou doente – e, como seria de esperar, Moore prefere localizar a verdade emocional da personagem e explorá-la com justeza e inteligência em vez de se render ao histrionismo lacrimejante e espalhafatoso “olhem para mim a ser actriz”.
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Mas por esta altura isso já não é surpresa para ninguém, e nem isso ergue O Meu Nome é Alice acima de uma simpática mas anónima mediania. O terceiro filme da dupla anglo-americana formada por Richard Glatzer (que, na vida real, foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica antes da rodagem) e Wash Westmoreland acompanha o gradual processo de desintegração da identidade de Alice com assinalável delicadeza, com uma atenção particular às alterações de percepção trazidas pela doença (o modo como o primeiro “episódio” é tratado é exemplar de inteligência).

Mas precisamente devido à performance de Moore e à contenção do grosso do filme, é pena que O Meu Nome É Alice não consiga “manter o nível”, escorregando para o melodrama mais convencional, sobretudo no modo previsível como a relação de Alice com os filhos e destes entre si é tratada. Ainda assim, não é fita para se descartar: a sua modéstia e a sua sobriedade são reconfortantes, e ter uma Julianne Moore em grande forma é motivo mais do que suficiente para a recomendação.<_o3a_p>

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