Dilma Rousseff e Aécio Neves disputam a segunda volta presidencial no Brasil

A onda de Marina Silva acabou por quebrar na praia. OS brasileiros mantêm a polarização entre o PT e o PSDB.

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As sondagens à boca das urnas indicam uma segunda volta eleitoral no Brasil, entre a Presidente e candidata a um segundo mandato, Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, e o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Aécio Neves.

De acordo com as projecções do instituto Ibope, a votação em Dilma Rousseff terá ficado nos 44%, e Aécio Neves terá obtido 30%. Com 22% dos votos, a candidata lançada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), Marina Silva, falhou o seu objectivo de disputar a segunda volta.

Se a liderança da Presidente e candidata à reeleição nunca esteve em causa nas sondagens, já Marina e Aécio protagonizaram uma emocionante corrida pelo segundo lugar. A ex-senadora ambientalista, que entrou no confronto depois da morte do líder do PSB, Eduardo Campos, num acidente aéreo, chegou a ter 20 pontos de vantagem sobre o concorrente do PSDB. No entanto, a sua campanha -- que foi alvo de  fogo intenso, sobretudo vindo do PT -- foi perdendo fôlego: os inquéritos divulgados na véspera das eleições já colocavam Aécio Neves na liderança, em condições de enfrentar Dilma Rousseff na segunda volta.

O avanço do candidato do PSDB fez-se à custa de um ligeiro de recuo de Dilma Rousseff (de 47 para 46% no Ibope e de 45 para 44% no Datafolha). A inversão da tendência das sondagens reflectiu-se também nas intenções de voto dos eleitores numa disputa a segunda volta, onde pela primeira vez Aécio Neves apareceu como melhor colocado do que Marina Silva para enfrentar a candidata do PT.

Numa eleição fortemente polarizada entre o “petismo” e o “anti-petismo”, o facto de Aécio se apresentar como o candidato melhor posicionado para fazer frente a Dilma é considerado pela generalidade dos analistas como um activo político precioso. No momento da votação, essa sensação pode atrair o voto dos indecisos e, principalmente, o eleitorado que até à última semana esteva ao lado de Marina Silva. Para lá desta avaliação, a decisão do eleitor pode ser influenciada pelo desempenho de ambos os candidatos na semana crucial da campanha. Marina mostrou-se cansada e sem meios no terreno para atrair multidões, por oposição a uma campanha do PSDB mobilizada pelas sondagens e pela prestação de Aécio Neves no derradeiro debate televisivo, considerada mais positiva do que a dos seus adversários políticos.

Com 142.8 milhões de eleitores mobilizados para escolher o presidente, 27 governadores de estado, um terço do Senado, 513 deputados federais e mais de 1000 deputados estaduais, o acto eleitoral decorreu ontem até ao meio-dia (16h00 em Lisboa) com pequenos incidentes. Dezenas de pessoas foram detidas em todo o país por distribuir propaganda eleitoral junto dos locais de voto e centenas de militares das forças especiais foram enviados para Santa Catarina, onde na última semana deflagrou uma onda de ataques a autocarros, a instalações policiais e a agentes da autoridade.

Dilma Rousseff votou em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, estado onde fez a sua carreira e lembrou que o voto é uma “arma” do povo. “A gente tem de ter clareza de que quem conquistou tem que defender o que conquista. Por isso, na hora do voto, essa é a inspiração que cada um tem de ter”, disse Dilma. Aécio Neves votou em Belo Horizonte, Minas Gerais e, reagindo às sondagens, afirmou cautelosamente (a lei eleitoral restringe a intervenção política no dia das eleições) “que a coisa veio acontecendo com naturalidade. Não foi uma surpresa. Estou sereno”. Já Marina Silva viajou para o Acre, o seu estado natal nos confins da Amazónia, onde afirmou não querer “ganhar a eleição com base na calúnia”.

 

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