Líder do partido grego Aurora Dourada fica detido

Nikos Mihaloliakos ficou detido na madrugada desta quinta-feira por suspeitas de organização de um grupo criminoso, assassínio, ataques violentos e lavagem de dinheiro.

Mihaloliakos a ser escoltado pela polícia para o tribunal
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Mihaloliakos a ser escoltado pela polícia para o tribunal LOUISA GOULIAMAKI/AFP
Apoiantes do Aurora Dourada em protestos à porta do tribunal em Atenas
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Apoiantes do Aurora Dourada em protestos à porta do tribunal em Atenas ARIS MESSINIS/AFP

O líder do partido grego de extrema-direita Aurora Dourada, Nikos Mihaloliakos, ficou detido preventivamente depois de ter sido interrogado em tribunal por suspeitas de organização de um grupo criminoso, assassínio, ataques violentos e lavagem de dinheiro.

A audiência, que começou na quarta-feira e que se prolongou pela madrugada, terminou ao fim de mais de seis horas com a decisão judicial de que Mihaloliakos deveria ficar detido, à semelhança de um outro deputado do seu partido, avança a BBC. Esta é a primeira acção deste género contra um líder partidário eleito em décadas.

O líder do Aurora Dourada foi um dos seis parlamentares detidos durante o fim-de-semana, na sequência de suspeitas do assassinato de um músico anti-racista, Pavlos Fyssas. Na quarta-feira, outros três deputados do partido do Aurora Dourada foram libertados sob fiança, ficando um quarto a aguardar julgamento na prisão. Nenhum deles poderá sair do país até o caso estar encerrado.

Fica por ouvir o seu "número dois", Christos Pappas, que se entregou no domingo à polícia depois da detenção do líder, no sábado. Até agora todos negaram qualquer responsabilidade pelas acusações que lhes são imputadas.

De acordo com o jornal grego Ekathimerini, durante o interrogatório o líder do Aurora Dourada lamentou a morte do músico mas disse não ter tido qualquer envolvimento do caso. "Eu não sou um nazi", insistiu. Já à saída, quando era acompanhado pelos polícias para a prisão, escreve a Reuters, Mihaloliakos reforçou aos jornalistas a mesma ideia e acrescentou: "Longa vida para a Grécia, vitória".

A libertação de três dos quatro deputados levou muitos a questionar a força do caso contra os políticos e membros do Aurora Dourada, iniciado após o assassínio de um activista de esquerda por um apoiante do partido. Até agora foram detidas 22 pessoas e continuam as buscas em casas de pessoas ligadas ao partido.

Organizações de direitos humanos já vinham a alertar para a violência cometida por elementos deste grupo contra imigrantes – uma violência que aumentou com a eleição de 18 deputados para o Parlamento nas eleições do ano passado.

Testemunhos de dois antigos membros falam de uma estrutura bem organizada e coordenada, com lideranças fortes, treino paramilitar e ataques programados. O partido  que favorecia a entrada de homens com treino em artes marciais  terá campos de treino para uso de armas de fogo.

Na sede foram encontrados bastões, facas e matracas. Durante a investigação, a polícia encontrou também armas (sem licença) em casa do líder do partido, que estão a ser submetidas a testes balísticos.

O partido Aurora Dourada passou da irrelevância (nem 1% dos votos) nas eleições de 2009 para uma votação de quase 7% (que lhe deu 18 deputados) em 2012. A crise foi o principal catalisador do partido, que aproveitou o mau funcionamento das instituições e promoveu acções de segurança a moradores de zonas cada vez mais afectadas pela criminalidade e distribuiu comida e roupa, em acções destinadas apenas a cidadãos gregos.

A chegada de imigrantes à Grécia  que procuram passar para outros países da Europa mas ficam concentrados no centro de Atenas  também foi terreno fértil para as ideias anti-imigração do partido, que defende a expulsão dos imigrantes.

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