Cinemateca dedica ciclo a Albert Serra por ocasião da estreia do seu último filme

A Morte de Luís XIV chega às salas no próximo dia 12, pretexto para vários eventos artísticos em Lisboa em volta do cineasta catalão.

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Jean-Pierre Leaud é o "Rei Sol" no filme de Albert Serra
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Albert Serra com Jean-Pierre Leaud no último Festival de Cannes ALBERTO PIZZOLI/ AFP PHOTO

O filme A Morte de Luís XIV, de Albert Serra, estreia-se no dia 12 de Janeiro, inaugurando outros eventos artísticos que incluem uma retrospectiva dos seus filmes e um ciclo dedicado ao actor francês Jean-Pierre Léaud.

A estreia de A Morte de Luís XIV é o ponto de partida para o evento Roi Soleil, que cruza uma retrospectiva das obras do cineasta catalão, com um ciclo dedicado aos filmes protagonizados pelo francês Jean-Pierre Léaud – actor que interpreta o papel de Luís XIV –, uma performance e uma retrospectiva de instalações da autoria de Albert Serra, anunciou esta segunda-feira a produtora Rosa Filmes.

A Morte de Luís XIV é uma co-produção portuguesa, espanhola e francesa e centra-se na longa agonia vivida por Luís XIV, rodeado pelos médicos e pela corte, até à sua morte.

Embora Albert Serra tenha por hábito trabalhar quase sempre com actores não profissionais, para desempenhar o papel do "Rei Sol" foi escolhido Jean-Pierre Léaud, que ficou conhecido nos anos 60 pela sua ligação ao cinema da Nouvelle Vague, sobretudo em filmes de François Truffaut e de Jean-Luc Godard. Por isso, aproveitando a estreia portuguesa do filme de Albert Serra, a Cinemateca decidiu prestar homenagem ao actor francês com um ciclo que decorre de até 31 de Janeiro e que inclui alguns dos filmes mais importantes em que participou, entre os quais Os 400 Golpes e Domicílio Conjugal, de Truffaut, bem como Masculino Feminino ou Made in USA, de Godard.

"A Cinemateca cruza dois grandes acontecimentos: com a estreia do filme, decidimos dar início ao ciclo Albert Serra, autor convidado, e ao ciclo de Jean-Pierre Léaud, um ciclo de homenagem ao actor, que já está a decorrer", disse o director da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa, em conferência de imprensa.

Costa lembrou que este actor representa o cinema da sua geração e considera que, por ter marcado o cinema de uma época e por entrar agora neste filme de Albert Serra, se justifica o cruzamento dos dois ciclos.

Quanto a Albert Serra, a Cinemateca dedica-lhe uma retrospectiva de todos os seus filmes, assim como de outros autores, mas por ele escolhidos, a decorrer de 12 a 24 de Janeiro.

Presente na conferência de imprensa, o realizador catalão mostrou-se "orgulhoso" por três dos seus filmes irem ser exibidos pela primeira vez na Cinemateca Portuguesa.

Sobre a sua técnica, Serra contou que foi muito influenciado pela arte contemporânea e procurou "usar a tecnologia com ambição e criatividade", porque considerava o cinema que se fazia "muito aborrecido", e começou a "filmar de uma forma diferente, menos académica, mais intensa e procurando a estética".

As características que melhor definem os seus filmes são o recurso à tecnologia digital, a actores não profissionais e a temas ligados à literatura clássica e à História, reconheceu, admitindo contudo não saber explicar estas escolhas, justificando-as com um "desejo estético", uma "forma de fugir" ao convencional e de "mostrar estranhas combinações".

Relativamente aos filmes que escolheu para entrarem no seu ciclo de cinema, Albert Serra diz que o critério foi a escolha de obras que o influenciaram, "não apenas em termos estéticos, mas do ponto de vista pessoal", que o levaram "a mudar de atitude perante a vida". Entre esses filmes contam-se Querelle, de Rainer Werner Fassbinder, inspirado em Querelle de Brest, de Jean Genet; Duelo ao Sol, um clássico do western, de King Vidor; Ken Park, do norte-americano Larry Clark; ou Parsifal, de Hans-Jurgen Syberberg, inspirado na ópera homónima de Richard Wagner.

O único filme no ciclo Albert Serra que não é da autoria nem da escolha do realizador é Waiting for Sancho, de Mark Peranson, sobre o modo de trabalhar do autor catalão, e que foi uma escolha da Cinemateca.

Durante a mostra dos seus filmes, Albert Serra estará presente, disponível para falar com o público. "Estarei presente para apresentar a maioria deles e para partilhar uma conversa com o público e ajudá-lo a descobrir os meus filmes", afirmou o realizador.

Além dos dois ciclos de cinema a decorrer na Cinemateca – a par de A Morte de Luís XIV, que entra no circuito comercial português na próxima quinta-feira – realiza-se, de 14 a 19 de Janeiro, no Palácio Pombal (Rua de O Século, ao Bairro Alto, em Lisboa), uma retrospectiva de instalações feitas por Albert Serra e, de 13 a 20 de Janeiro, será exibida na Galeria Graça Brandão uma performance, intitulada Roi Soleil, igualmente de sua autoria. 

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