Lisboa Mistura: festival do mundo com o regresso de General D

Arranca esta quinta-feira mais uma edição daquele que é um pequeno festival de músicas do mundo dos palcos.

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General D está de regresso à música e actua no dia 28 de Junho Vera Marmelo

Lisboa não é cidade de uma língua só. Lisboa são várias línguas, vários sotaques, vários costumes, várias danças, várias músicas. É o que nos mostra a cada ano que passa o Lisboa Mistura, o projecto da Associação Sons da Lusofonia que tem vindo a crescer para reflectir exactamente este carácter multicultural da cidade, juntando a música portuguesa a manifestações musicais de países que têm comunidades a viver na capital.

Esta festa da multiculturalidade começa esta quinta-feira no Castelo de São Jorge e termina no dia 29. Se esta quinta-feira quem sobe ao palco é o indiano percussionista Trilok Gurtu, que no ano passado foi obrigado a cancelar a sua ida ao Festival Músicas do Mundo, em Sines, depois de atrasos com o seu voo, sexta-feira o Castelo de São Jorge recebe o camaronês Manu Dibango, uma referência mundial do afrobeat e do afrofunk. No sábado a festa fica a cargo dos Fanfaraï, que inclui músicos argelinos, marroquinos e franceses.

Bombino, o tuaregue que gravou o último álbum, Nomad, no estúdio de Dan Auerbach, dos Black Keys, e que esteve pela última vez em Portugal no festival Paredes de Coura do ano passado, vai estar no Largo do Intendente na quinta-feira, dia 26, e no dia seguinte no mesmo palco actuam os congoleses Jupiter & Okwess International.
E para fechar, aquele que deverá ser o concerto mais aguardado: o regresso de General D, o pai da cultura hip-hop em Portugal e que tem estado longe da música e do nosso país há mais de uma década.  

Em Março, numa reportagem do Ípsilon, descobrimo-lo em Londres. Por isso a curiosidade de o voltar a ver actuar aumentou. “Antes dessa história eu não imaginava sequer que as pessoas ainda se lembravam de mim, depois disso as reacções que tenho recebido têm sido muito boas e dão-me cada vez mais vontade de voltar”, diz-nos General D ou Sérgio Matsinhe, de 42 anos, em Lisboa há cerca de dois meses.

“Estar cá [em Portugal] tem sido muito bom, tem sido um reencontro com o país e uma redescoberta de mim próprio”, conta o músico, que em 1994 lançou na EMI o EP PortuKkkal É Um Erro. “Muita coisa mudou desde então, o rap agora é muito mais ouvido do que quando me fui embora, sinto que há uma abertura e uma aceitação maior do que havia e isso é bom”, continua General D, explicando que o concerto da próxima semana reflectirá também esta mudança.

Vai ser emotivo, garante, e uma festa. “Vou ter muita gente em palco, muitos convidados e o que vai acontecer ali é um espreitar ao caminho que eu quero seguir no meu próximo trabalho.” É verdade, vai haver um novo trabalho de General D, embora não existam ainda datas, e o concerto no Lisboa Mistura já nos vai dar algumas pistas do que esperar da sua nova música.

“O que vou fazer depois em termos de conceito será aquilo que vou apresentar neste concerto e que eu quero que seja um processo de fusão. Vou aventurar-me, misturar coisas, das muito tradicionais às mais urbanas”, diz o rapper, que terá em palco convidados como Valete, Boss AC, Chullage ou Halloween. Amigos com quem estará depois do concerto no Musicbox, no Cais do Sodré, a fazer a festa.

O Musicbox vai ser, aliás, o segundo palco do Lisboa Mistura onde acturão DJ porque esta multiculturalidade também existe na música electrónica.

No domingo, dia 29, o Lisboa Mistura chega ao fim com a Festa Intercultural num lugar também ele conhecido pela mistura de culturas, o Martim Moniz.

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