Durão Barroso e Cavaco Silva querem FMI fora da troika "no futuro"

Líder da Comissão Europeia diz que governos dos países é que são os responsáveis pelos programas de assistência.

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Durão e Cavaco mostram a porta da saída ao FMI AFP

Durão Barroso considerou nesta quinta-feira "completamente contraproducente" retirar o Fundo Monetário Internacional (FMI) das troikas de credores internacionais de Portugal ou Grécia, mas defendeu que essa é uma possibilidade real para o futuro.

"É contraproducente qualquer reformulação da composição da chamada 'troika' em pleno processo, em que os programas de ajustamento económico e financeiro que constituem a condição para a ajuda externa aos países sem acesso ao mercado da dívida já estão desenhados, aprovados e em aplicação", afirmou Barroso durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Em contrapartida, defendeu, "no futuro – e tenho que vincar no futuro – penso que há mais do que condições, se os Governos [da União Europeia] quiserem", para que sejam as instituições europeias a assumir o processo "na plenitude das suas responsabilidades".

No início dos programas de ajuda, que arrancaram com a Grécia em Maio de 2010, a inclusão do FMI na troika em pé de igualdade com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) foi imposta como uma "condição essencial" por "alguns Governos", lembrou Barroso.

A afirmação refere-se implicitamente à Alemanha e a outros países do Norte da Europa que alegavam então que só o FMI é que tinha a experiência e a capacidade necessária para conceber e gerir os programas de ajustamento dos países ajudados.

Cavaco Silva, que ontem já tinha defendido a necessidade de repensar "o desenho" da troika, precisou hoje igualmente que no imediato o que é preciso é fazer uma reflexão sobre o tema, o que, poderá levar "à conclusão de que é tempo de libertar o FMI", solução que tem a sua preferência pessoal.

O presidente da Comissão defendeu-se igualmente de forma implícita das críticas que começam a chover de várias capitais contra as troikas pela austeridade que está a ser imposta aos países sob programa de ajuda.

As três instituições "actuam dentro de um mandato que lhes é dado" pelos Governos da UE, sublinhou. "Não são nem a Comissão Europeia, nem o BCE, nem o FMI que tomam as decisões quanto ao programa da Grécia, da Irlanda, de Portugal ou de Chipre", prosseguiu, frisando que as decisões foram todas tomadas "por unanimidade dos Estados membros, Governos de direita, de esquerda, de centro, de centro-direita, de centro-esquerda, todos eles, e a responsabilidade é deles".
 
 

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