Conjugação urgente

No final da semana o Conselho Europeu apoiará genericamente o plano Juncker. Após 2007 a quebra do investimento foi dramática: Itália (-25%), Portugal (-36%), Espanha (-38%), Irlanda (-39%), Grécia (-64%). Avista-se uma candeia bruxuleante? A Europa terá que pôr de lado a política pro-cíclica que a atirou para a "estagnação secular". O desafio consiste em colocar poupanças e liquidez financeira abundante ao serviço de uma utilização produtiva, para criar emprego e crescimento sustentável. O plano parte de um fundo fiduciário aberto (Fundo Europeu de Investimento Estratégico), como pretendeu a Alemanha, e não tanto de dinheiro fresco, como exigia a França. A garantia é dada pelo orçamento da União, agora estabilizado e corrigido, em parte, do passivo de pagamentos atrasados. O rectificativo em 2015 acomodará garantias. Soluções existem, mas dependem da combinação entre Bruxelas, BCE e Governos: flexibilidade no cumprimento das metas do Fiscal Compact, urgente activação das medidas não convencionais do BCE (compra de dívida pública e quantitative easing), contributos adicionais e voluntários dos Estados-membros para aumento do Fundo, sem penalização contável no défice e na dívida, rigor na consolidação orçamental sem estrangular o crescimento potencial, estimulo à procura sem desvalorizar salários e pensões, determinação no combate à fraude, evasão e concorrência fiscal. É com um policy mix monetário, orçamental e económico (reformas estruturais no ambiente, emprego, no social) que o plano Juncker pode ser uma mais-valia. Mas 315 mil milhões de euros estão muito aquém do New Deal!

Economista

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