Durante o Verão do ano passado, as acções da Apple bateram mínimos de três anos, próximo dos 60 dólares. A dinâmica da Samsung levava tudo à frente. De então para cá, os títulos da empresa de Cupertino, Califórnia, valorizaram-se quase 45% e ultrapassaram os 100 dólares na semana passada.

Sem ter lançado qualquer produto nos últimos tempos, a única explicação para esta súbita escalada de valor está na convicção que se formou de que a companhia liderada por Tim Cook concluiu a travessia do deserto e está em vias de reconquistar lideranças que entretanto tinha perdido.

Esta trça-feira, a Apple tem convocado um evento onde, alegadamente, irá revelar novos produtos saídos da cadeia de concepção e design da tecnológica co-fundada por Steve Jobs. O simples anúncio do encontro, num colégio perto da sede da companhia onde, em 1998, Jobs apresentou ao mundo o iMac, fez aguçar o apetite dos mercados. Mas a atractatividade das acções foi entretanto reforçada com fugas de informação sobre a possibilidade de a empresa ter na manga produtos capazes de surpreender o mundo, algo que não acontece há uns três ou quatro anos.

Batida pela Samsung no terreno dos smartphones, que em quatro anos quadriplicou a sua quota de mercado para 31% (a Apple recuou para 15%), a companhia californiana foi acusada de não ter sabido responder aos novos modelos sul-coreanos, com grandes ecrãs. Amanhã, tudo indica, a Apple poderá colocar-se à frente neste segmento, com o iPhone 6 de 5,5 polegadas, algo que o aproxima de um phablet.

“A Samsung, nos últimos anos, não teve competidores a sério nos smartphones de grande formato e, por isso, conseguiu ultrapassar a Apple. Agora, essa vantagem competitiva vai desaparecer”, acredita Gene Munster, analista da consultora Piper Jaffray, citado pela agência Reuters.

Os anúncios, a acreditar nos rumores entretanto surgidos, não se ficarão por aqui. O famoso iWatch, um relógio “inteligente” há muito aguardado pelo mercado, poderá estar também na lista de novidades que Cook irá apresentar. A tecnológica perdeu muito tempo nesta área, dando espaço para que outras marcas, como a Samsung, lançassem os seus modelos. Mas a expectativa é de que a Apple ainda seja capaz de surpreender nesta área coalgo mais avançado do que foi feito até aqui.

Pelos relatos até agora divulgados, o iWatch terá dois tamanhos, qualquer um deles com um ecrã flexível, capacidade de gestão de mensagens e um sistema que permitirá ao utilizador efectuar pagamentos em lojas (iWallet). Este sistema, que ficará também disponível nos telefones, tem vindo a ser negociado pela Apple com os principais emissores de cartões.

Os analistas não descartam a possibilidade de a empresa apresentar também um aparelho de televisão, algo que também tem sido muito falado há alguns anos, mas ainda não concretizado.