É possível fazer acontecer pequenas ilhas de diferença na Madeira, pensam os responsáveis da Estalagem da Ponta do Sol, na vila do mesmo nome, a meia hora de carro do Funchal, e é isso que vai acontecer durante o Verão com espectáculos – denominados Concertos-L – com uma série de nomes apelativos como Weyes Blood, THEESatisfaction, Bianca Casady, Johanna Glaza ou Batida.

Não é muito usual um espaço hoteleiro ser também lugar de acontecimentos culturais, mas é isso que tem acontecido nos últimos anos com a Estalagem da Ponta do Sol, com um posicionamento diferente perante o turismo massificado da ilha.

“O turismo de praia e sol não chega. São necessárias novas motivações, diferenciar, trazer outros públicos. E são os acontecimentos a que estamos associados que trazem gente que de outra forma não viria”, dizia-nos o ano passado André Diogo, responsável pela estalagem, conhecida por ser também co-organizadora dos festivais MadeiraDig, dedicado às músicas electrónicas, e Micro International Film Festival, evento de cinema experimental.

Os Concertos-L começam este sábado com a americana Weyes Blood, figura marcante da folk mais alternativa, com um estilo muito singular, algo abstracto e enigmático, como se comprova ouvindo o seu mais recente e incensado álbum The Innocents.

A 10 de Julho será a vez da guienense Karyna Gomes, que integrou o histórico grupo Super Mama Djombo, entrar em acção, revelando as canções de Mindjer (2014), o seu último álbum.

Do Brasil, a 17 de Julho, virá Bárbara Eugénia, pela primeira vez em Portugal, representando uma nova geração carioca que não tem pudor em misturar os mais diversos géneros, entre o rock, a soul, o funk e uma sensualidade a que associamos o Brasil. Do mesmo país, o multi-instrumentista Leo Cavalcanti, estará na Madeira a 5 de Agosto, para mostrar Despertador, álbum de canções pop de arranjos elegantes, que foi elogiado por Caetano.  

Um dos concertos mais esperados acontecerá a 29 de Julho, com as americanas THEESatisfaction, figuras de relevo na renovação das linguagens mais progressistas do hip-hop, soul ou funk, como é perceptível no seu segundo álbum, EarthEE, editado este ano.

A 12 de Agosto todas as atenções estarão viradas para a presença da americana Bianca Casady, uma das metades do conhecido duo CocoRosie, naquela que poderá vir a ser a estreia mundial do seu novo projecto a solo, com uma forte vertente cénica, para a qual contribuirá o conhecido bailarino e coreógrafo Bino Sauitzvy.

Com alguns pontos de contacto do ponto de vista da abordagem estética, a também nova-iorquina Johanna Glaza tocará na estalagem um mês depois, a 12 de Setembro, para dar a conhecer a sua pop electrónica atmosférica, marcada pela voz angelical, que tem sido assiduamente comparada à da britânica Kate Bush.

Lisboa e Porto irão estar representados com alguns dos projectos mais emblemáticos da actualidade, como os Batida (19 de Setembro) de Pedro Coquenão, autor de uma sonoridade de grande adrenalina física assente no kuduro e outras linguagens urbanas, ou os PAUS (26 de Setembro), garantia de visceralidade rock, mas enquadrada em temas e canções de estrutura abstracta.

Para uma sessão de pop lúdica haverá de contar com PZ (22 Julho) do álbum Mensagens da Nave-Mãe, sendo o cartaz concluído com os You Can’t Win Charlie Brown (26 de Agosto), Vértice (2 Setembro), Nuno&The End (15 Agosto) e Júlio Resende (19 Agosto).  Desde 2009 já passaram pelos Concertos-L nomes como Thurston Moore, Dirty Beaches, Nastio Mosquito ou Mão Morta, todos eles actuando na estalagem que se situa numa das encostas da vila, com uma vista privilegiada para o casario e para o oceano.