Violetta, o sonho realizado

A série de maior sucesso da Disney em Portugal chegou ao Meo Arena com 72 mil bilhetes vendidos e euforia em tons rosa e lilás. Violetta é tudo o que as miúdas pequenas gostariam de ser.

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Violetta no primeiro dos seis concertos em Lisboa ©Disney
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Desengane-se quem pense que Violetta é apenas uma série de televisão ou que Violetta Live é um mero concerto. Prova disso é o sucesso de venda de bilhetes — 72 mil — para as seis sessões em Portugal da megaprodução que leva grande parte dos personagens da série do Disney Channel ao palco. E toda a excitação dos pequenos fãs em torno dela. A digressão europeia passa este fim-de-semana por Lisboa, depois de se ter iniciado em Madrid, Espanha, e integrar ainda mais quatro países (França, Itália, Bélgica e Holanda).

Não há pré-adolescente que não conheça a série de sucesso mundial, sendo que a maioria entoa as suas canções originais, em espanhol, como se falasse todos os dias a língua. E sabe todos os passos das coreografias de cor. A série televisiva argentina, iniciada em 2011, já vai em três temporadas (a segunda a passar actualmente em Portugal), e é protagonizada por Violetta (interpretada por Martina Stoessel), uma talentosa adolescente que acredita no seu sonho de ser uma cantora de sucesso. Para tal, frequenta o Studio on Beat (antes, Studio 21), onde aprende e partilha a paixão pelo canto e dança com os colegas. E, também, onde descobre a verdadeira amizade e o amor. Ou os amores, já que há sempre mais do que um jovem a disputar a sua atenção, o que leva o pai, super-protector, a criar-lhe entraves constantes.

Para ajudar a compreender o fenómeno, faço-me acompanhar ao Meo Arena de Lisboa da minha filha de nove anos, fã convicta, que me guia nesta aventura ao vivo.

Uma potente máquina de marketing

Chegadas ao local, multiplicam-se por todo o lado pequenas “violettas” vestidas a rigor. A indumentária é parte importante no acontecimento, como se percebe ao passarmos pela fila de centenas de metros, repleta de meninas com camisolas, malas, cachecóis, bandeiras e todo o tipo de acessórios possível. O “sonho” é também comandado por uma potente máquina de
marketing, à qual os pais não conseguem resistir.

Vê-se que os preparativos das crianças para este espectáculo começaram muito antes dele. No meu caso, já no início da semana, andava a minha pequena parceira de reportagem atarefada a fazer cartazes com as amigas na escola, para que ela pudesse empunhar em pleno concerto, em representação de todas as que não puderam ir. “Que sorte!”, disseram as amigas. E é mesmo.

Os bilhetes não são baratos. À despesa principal soma-se a viagem, vestuário violeta e todo o merchandising exposto aos olhos brilhantes de milhares de crianças. Há até quem venha de avião. É o caso de Aurélio Paulo, que viajou de propósito de Zurique, na Suíça, com a filha Ana, de nove anos, para ver o concerto. Conta-nos que Ana é fã há mais de dois anos e que tem tudo o que há da Violetta, mostrando-nos uma malinha cheia de acessórios a condizer, diário incluído. Mal souberam do concerto em Portugal, compraram bilhete e marcaram viagem, “para ver se a febre acalma”, confessa-nos.

Já Alexandra, dez anos, veio directamente de Elvas com a mãe para o espectáculo, porque a filha “é fã incondicional da Violetta”, conta. Alexandra relata que assim que começou a ver a série passou a prestar mais atenção à música e à dança. A mãe, Graça Cuco, vai mais além e explica-nos que a Violetta é tudo o que as miúdas pequenas gostariam de ser: “É um sonho”, desabafa, embora lhe faça alguma impressão “ela ter-se tornado num fenómeno tão grande em tão pouco tempo”. No entanto, desvaloriza a sua importância relativamente a crianças tão pequenas: “Não me faz impressão ela gostar. Todos nós tivemos na nossa infância um herói ou uma heroína”, afirma.

Para Vera Fernandes, de Cascais, que acompanha um grupo de três meninas entre os oito e os dez anos, este concerto “é a concretização de um sonho, que passa da TV para a realidade”. O bom comportamento fez com que os pais lhes concretizassem o maior desejo, que veio em forma de presente de Natal. Confidencia que o preço dos bilhetes pesou no orçamento familiar, mas que vale a pena: “Ver este brilho nos olhos, esta alegria, vale tudo!”

“Ai, o meu Léon…”

Na plateia, aguarda-se ansiosamente o início do espectáculo. Ouvem-se repetidamente vozes infantis a perguntar pelas horas. Está quase. A maioria dos fãs são pré-adolescentes e alguns estão sozinhos. É o caso de Matilde, de oito anos, e de Mariana, de 12. Os pais vieram deixá-las à porta. Mariana revela, um pouco envergonhada, que só veio acompanhar a Matilde, a quem se percebe a excitação pelos olhos grandes e reluzentes: “Gosto da Violetta porque ela canta e dança muito bem”. Apesar de inicialmente renitente, Mariana acaba por confessar que gosta da história da série por mostrar a importância de ter sonhos, acreditar neles e conseguir segui-los.

Sou puxada por um braço pela minha parceira e percebo que está na hora. Mal as luzes se apagam, é uma gritaria desenfreada que sobe terrivelmente de tom assim que Violetta aparece para saudar o público: “Oi, Portugal!” Está dado o mote para o espectáculo, já que a troupe do Studio on Beat — o local onde a magia da música e dança acontece na TV — tenta surpreendentemente comunicar com a plateia em português, durante quase todo o concerto.

Depois é ver o elenco da série televisiva a interpretar as músicas em palco, apoiados por um corpo de bailarinos e uma banda ao vivo, envoltos num cenário que mistura luz, pirotecnia e efeitos especiais. E, por vezes, uma Violetta suspensa no ar, sozinha, dentro de uma estrela, ou romanticamente acompanhada pelo charmoso León, num baloiço. A minha companheira vai-me colocando a par do alinhamento, identificando a maioria das canções das temporadas actuais, à medida que o espectáculo vai avançando, nas pausas que faz da cantoria que se ouve em uníssono.

Os momentos de êxtase, ensurdecedores, marcam os pontos altos da série, provocam risos nervosos nos pais e fazem notar os preferidos. Num deles, Léon, o galã que, por ora, conquistou o coração de Violetta, dedica um tema a todas as meninas da plateia. É a loucura total. “Ai, o meu Léon…”, ouço na fila de trás.

Já quase no final, distraio-me e, quando dou por mim, estou também a trautear “te creo, te creo”, juntando a minha voz em surdina ao já apoteótico som. A pequena olha para mim e sorri, triunfante.

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