Um Fórum no CCB para discutir O Lugar da Cultura

Em Abril, três dias de debates e conferências com a presença de especialistas portugueses e estrangeiros para enquadrar a cultura "num modelo de sociedade para o século XXI", explicou o Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier

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Kalaf, dos Buraka Som Sistema, é um dos participantes Daniel Rocha
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Pedro Carneiro Nuno Ferreira Santos

Será um “encontro prospectivo” que pretende dar relevância “à presença da cultura” em Portugal através de um diálogo “inclusivo” e “alargado”. Foi assim que o Secretário de Estado da Cultura (SEC), Jorge Barreto Xavier, apresentou esta terça-feira em conferência de imprensa no Centro Cultural de Belém (CCB), o I Fórum Internacional O Lugar da Cultura, que se realizará na instituição lisboeta entre 15 e 17 de Abril.

Serão três dias de conferências, com a presença académicos, governantes, especialistas em economia ou religião e alguns artistas. O CCB acolherá Kalaf, dos Buraka Som Sistema, ou o maestro Pedro Carneiro. Serão ouvidas as reflexões de Daniel Innerarty, professor de Filosofia Política e Social da Universidade do País Basco, Mário Lúcio Matias de Sousa Mendes, ministro da Cultura de Cabo Verde, Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura, ou Jonathan Taplin, director do Annenberg Innovation Lab, da Universidade da Califórnia do Sul. Para além deles participarão, entre muitos outros, Enrique Barón Crespo, espanhol que foi presidente do Parlamento Europeu entre 1989 e 1992, Tomás Sedláccek, economista checo que assinou Economics of Good and Evil, ou Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício para a Cultura, Sheik Davi Munir, imã da Mesquita de Lisboa, e Esther Mucznik, vice-presidente da Comunidade Israelita em Lisboa.

A diversidade dos intervenientes, entre os quais, curiosamente, os artistas surgem em clara minoria (o fórum, justificou o SEC, pretende posicionar-se “contra a ideia de que os artistas só servem para entreter”), assegurará uma reflexão heterogénea sobre “o papel relevante da cultura na definição de um modelo de sociedade para o século XXI”. O Lugar da Cultura dirige-se “a um público o mais alargado possível”, formado por “portugueses de todas as áreas e de todas as idades”. Para que a iniciativa chegue a todos eles, foi lançado o site www.olugardacultura.pt, com toda a informação relativa ao fórum e onde o público interessado poderá fazer as suas inscrições para o mesmo.

O fórum contempla ainda espectáculos de Pedro Carneiro ou do Ensemble de saxofones da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Na manhã de dia 17 decorrerá o programa A Educação do Olhar – Espectáculos do Fim do Século XIX, da responsabilidade da Cinemateca Portuguesa.

Para além de Jorge Barreto Xavier, a conferência de imprensa contou com o presidente do CCB, António Lamas, que se congratulou pela realização do Fórum na instituição que dirige desde 2014. “É no CCB que se devem realizar iniciativas destas. Foi também para isso que o centro foi criado”, comentou. Também presente, Fernando Nogueira, presidente do mecenas da iniciativa, a Fundação Millenium BCP, destacou a necessidade de “desenvolver a economia da cultura em Portugal”, que vê ainda muito longe de cumprir o seu potencial. Juntar cultura, turismo e economia, “desde que feito de forma cuidadosa”, tem resultados positivos para um “desenvolvimento social harmónico”, afirmou.

O primeiro dia de conferências, 15 de Abril, será dedicado à discussão da interligação entre a cultura e outras esferas sociais, como política, a economia, a religião ou a ciência. Dia 16, serão analisadas e debatidas as conclusões do Plano de Estudos Cultura 2020, iniciativa concretizada entre 2013 e 2014 pela Secretaria de Estado da Cultura. Dia 17 será promovido um olhar mais aproximado a diversas áreas culturais, além de um debate sobre a actuação das estruturas culturais estatais no apoio e dinamização artística. Posteriormente, entre 18 e 22 de Abril, várias instituições públicas e privadas irão abrir-se ao público para as Jornadas Porta Aberta.

De O Lugar da Cultura não resultará qualquer documento com “conclusões oficiais”, afirmou o SEC. “É um estudo prospectivo”, explicou. “Não pretende dar linhas directivas” às políticas culturais estatais.

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