Tim Parks em grande

Tim Parks é um escritor que lê. Há escritores que só escrevem e leitores que só lêem. Mas Tim Parks é um cronista, romancista, crítico literário e tradutor cujo bom gosto e senso comum vêm dar ao mesmo deliciosamente honesto mesmo.

Li Where I'm Reading From em três sumarentas horas. Tinha lido críticas negativas e cépticas do livro mas já sabia que Tim Parks é incapaz de se alinhar com as modas do momento.

Nascido em Manchester mas vivendo em Itália desde 1981 é a combinação perfeita de honestidade, desobediência e de espírito contrário.

Tem um pé na estéril universidade e outro no pútrido circuito comercial. Expôe-se à corrupção mas não é corrompido. Permanece um fiel leitor das escritas rancorosas e enjoadas de Beckett e de Bernhard.

No mundo comercial de hoje a ficção literária banaliza-se enquanto se torna universal e traduzível. Desaparecem os textos que reflectem as culturas locais e as anomalias linguísticas.

O inglês americano tornou-se na pobre língua franca dos nossos dias. Os leitores (e escritores) americanos tornam-se cada vez mais agressivos em relação à cultura em segunda-mão que lhes deu vida. Parks escolhe corajosa mas erradamente o chato e enciclopédico Jonathan ("sou europeu acima de tudo") Franzen.

Franzen é pior ensaísta e escritor do que Parks. Mas ambos são péssimos romancistas.

A solução é ler Where I'm Reading From, para perceber os perigos que corremos, se não soubermos (ou quisermos) ler.

Viva Tim Parks!

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