Stan Douglas filma em Lisboa

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Há 15 dias que Stan Douglas está a filmar O Agente Secreto

É Lisboa em 2015, mas a fazer da Lisboa do Verão quente de 1975: agora em rodagens, o conhecido artista plástico canadiano Stan Douglas escolheu a capital – e a História – portuguesa para a sua releitura da narrativa de O Agente Secreto, de Joseph Conrad.

No livro do autor de O Coração das Trevas, esta história de espionagem decorre na Londres de 1886. Verloc, a personagem principal, é um agente secreto e agent provocateur cuja profissão de fachada é a gestão de uma loja de material pornográfico. Está infiltrado numa célula anarquista quando lhe é atribuída a missão de fazer explodir o Observatório de Greenwich. É esta narrativa que Stan Douglas recontextualiza na Lisboa do Verão quente de 1975.  

Com actores como Miguel Guilherme, Beatriz Batarda, Gonçalo Waddington, Marcello Urgeghe, Filipe Vargas, Carloto Cotta e Simão Cayatte, Stan Douglas está há já duas semanas a filmar em Lisboa o material que deverá posteriormente trabalhar no seu habitual formato de instalação para museus e galerias de arte – apesar do antecedente criado por Circa 1948, que o artista estreou no ano passado no Tribeca Film Festival, de Nova Iorque.

A produção de O Agente Secreto está a cargo da O Som e a Fúria, de Luís Urbano. É a produtora de filmes de realizadores como Manoel de Oliveira, Miguel Gomes e Sandro Aguilar. Mas não é a primeira vez que O Som e a Fúria estende a sua actividade para lá do estrito âmbito da realização para o circuito comercial de cinema: está também a trabalhar, por exemplo, com a jovem artista portuguesa Salomé Lamas.  

Rodado em inglês, O Agente Secreto de Stan Douglas foi filmado até agora em espaços como o antigo cinema Nimas, o Palácio Foz e o Bairro dos Anjos.

Stan Douglas trabalha frequentemente lógicas – e dispositivos – de desajustamento, nomeadamente temporais. Há 15 anos, quando expôs individualmente no Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, apresentou-se pela primeira vez em Portugal com Der Sandmann, uma instalação composta por dois filmes em 16 mm. Filmados nos antigos estúdios da UFA, em Potsdam, cada um desses filmes mostrava um jardim – o mesmo jardim filmado com 25 anos de intervalo. Na peça, projectada sobre uma tela dividida ao meio, passado e presente pareciam emergir continuamento do interior um do outro. Já O Agente Secreto deverá ser projectado num corredor com duas filas de ecrãs virados uns para os outros – o público percorrerá a cidade. 

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