Seis anos de comissão no Porto e uma recém-nascida no Minho

Mapear o território para mostrar potencialidades cinematográficas.

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Rodagem de Os Maias dr

O documentário O Porto Visto por Álvaro Siza, que José Fonseca e Costa rodou há já alguns meses na cidade, a curta-metragem Os Meninos do Rio, que o realizador espanhol Javier Macipe Costa filmou no final do Verão, cenas da saga Balas e Bolinhos, produções fotográficas com Pedro Abrunhosa, um videoclip dos Expensive Soul e episódios da telenovela Morangos com Açúcar. Estes são os nomes mais reconhecíveis da extensa lista que a Porto Film Comission (PFC) apresenta a atestar o trabalho realizado na última meia dúzia de anos, com o objectivo de vender a cidade como cenário cinematográfico.

Criada em Abril de 2005, e funcionando na dependência do gabinete de Turismo da autarquia, a PFC tem também aproveitado a adesão do município à Rede de Cidades de Cinema e a candidatura ao Projecto Interreg IIIC para potenciar a produção audiovisual na região.

Os lugares históricos da cidade – que Manoel de Oliveira eternizou em Douro, Faina Fluvial (1931) e Aniki-Bobó (1942), e que justificaram a classificação de Património da Humanidade –, a confluência do rio com o mar, as marcas do Barroco e a arquitectura da Escola do Porto têm sido argumentos publicitados pela PFC para conquistar uma indústria, que, à partida, não se daria bem com os rigores do clima da terra. Isto não impede que a PFC credite já, na sua carteira, o “apoio a mais de 250 produções, entre longas e curtas-metragens, documentários, filmes publicitários e trabalhos académicos”, como nota o departamento de Turismo, em resposta ao PÚBLICO por email.

Numa parceria com a Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, a PFC está a preparar um guia e um mapa dos lugares da cidade e da região que apresentam potencialidades cenográficas para a produção cinematográfica e audiovisual.

De criação mais recente é a Minho Film Comission (MFC), com sede em Guimarães, e cujo lançamento decorre da aventura da Capital Europeia da Cultura (CEC), em 2012. A chancela ganhou ultimamente maior visibilidade à boleia de Os MaiasAlguns Episódios da Vida Amorosa, que João Botelho realiza, e cuja rodagem passou também por lugares (e solares) de Ponte de Lima e de Celorico de Basto.

Aquando da rodagem da adaptação do clássico de Eça de Queirós em terras minhotas, em Outubro, a MFC aproveitou para dar a conhecer não só a sua existência como as potencialidades de toda uma região marcada pelo verde da paisagem e pela arquitectura dos palácios e solares transformados em turismo de habitação, mas também pelos décors da época pós-industrial de Guimarães e do Vale do Ave – onde está previsto que o realizador norte-americano Craig Zobel venha rodar uma produção com um orçamento a rondar os dois milhões de euros.

Para os americanos, isso não é nada, mas, para a realidade actual do cinema português, é uma possibilidade interessante, que permite criar emprego na região”, explicou, na altura da apresentação do projecto, Rodrigo Areias, realizador, produtor e um dos principais responsáveis pela criação de uma plataforma de produção audiovisual em Guimarães a pretexto da CEC.

O realizador da longa-metragem Estrada de Palha realçou também as oportunidades de trabalho que a indústria do audiovisual traz a uma região que vem sendo fustigada pela crise, nomeadamente ao oferecer trabalhos em actividades sem grande exigência específica, como a figuração e técnicos de diferentes profissões.

Contando com uma estrutura de produção de 20 a 30 pessoas, muitas delas com experiências acumuladas na Guimarães 2012, a MFC, alicerçada na associação cinematográfica Olho de Vidro, tem um carácter abrangente e estende-se à geografia das três comunidades intermunicipais da região: Ave, Cávado e Minho-Lima.

Também elas estão a tratar de mapear o território que querem vender como décor cinematográfico privilegiado para certo género de produções portuguesas e estrangeiras.
 
 
 
 
 
 
 
 

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