Ria-se com Paul Ewen

Paul Ewen – um escritor neozelandês disfarçado de humorista – é também um jornalista de primeira apanha, atento a cada pormenor.

São poucos os livros cómicos, satíricos e hilariantes sobre escritores contemporâneos que se lêem numa tarde. Lost for Words do excelente Edward St Aubyn não é um deles. São tão poucos que só conheço um, também de 2014: How To Be A Public Author, de Francis Plug.

É uma reportagem ficcionada de Paul Ewen. A parte imaginada tem menos graça do que a reportada, mas há momentos de confluência das duas partes que são magníficos e que provam um talento enorme, gloriosamente desgovernado, irresponsável e imaginoso. Acho que é o primeiro livro que ele publica.

Depois de muitas rejeições foi, mais uma vez, a Galley Beggar Press (que estreou a obra-prima Beckettiana A Girl is a Half-formed Thing da electrificante Eimear McBride) a editora que percebeu o jeito original de Paul Ewen.

Vá ao site da editora onde poderá comprar, para além do livro de Paul Ewen (que é, diabos me grelhem, mais barato como fantasma no Kindle), a edição paperback da Faber de A Girl is a Half-formed Thing por apenas 7 libras.

Paul Ewen – um escritor neozelandês disfarçado de humorista – é também um jornalista de primeira apanha, atento a cada pormenor.

O melhor do livro dele são os encontros vedadeiros com os escritores que ganharam o prémio Booker. São observações de um leitor leal que desconfia, com razão, das manobras de promoção.

O mundo ideal dele é moralista e moralmente perfeito: os escritores escrevem e os leitores lêem.

Ele é o contra-ataque. E ganha.

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