Terão sido cerca de três dezenas de pessoas, aquelas que conseguiram ingressos para ver em acção PJ Harvey, esta sexta-feira, na Sommerset House de Londres, na primeira sessão pública de gravação do seu novo álbum, que será nas próximas semanas também uma instalação artística.

O projecto, intitulado Recording In Progress, resulta de uma colaboração com o colectivo Artangel, e tem vindo a ser desenvolvido de há um ano a esta parte, com algumas canções inspiradas por viagens ao Kosovo, Afeganistão e Estados Unidos, reflectindo a geopolítica actual.

É isso. A oferta superou largamente a procura, com muita gente a ficar excluída da sessão do primeiro dia, para assistir a tão invulgar empreendimento – recorde-se que há semanas ficou a saber-se que iria gravar o novo álbum num estúdio construído para o efeito, uma espécie de caixa envidraçada, que permite ao público olhar para o interior, sem que os músicos, dentro do espaço, tenham contacto visual com os espectadores.

Os primeiros testemunhos falam de uma experiência estranha mas memorável. Segundo o New Musical Express, PJ Harvey não chegou a cantar, mas demonstrou a sua condição de multi-instrumentista tocando um pouco de saxofone, harmónica ou violino.

O grupo de espectadores pôde ver Harvey a trabalhar com dois dos seus produtores predilectos (John Parish e Flood), e dois dos músicos que a costumam acompanhar (Terry Edwards e James Johnson), ou seja, alguns dos mesmos protagonistas com quem gravou o anterior álbum Let England Shake (2011).  

A cantora e compositora de 45 anos e os produtores estiveram a trabalhar numa canção intitulada Near the memorials to Vietnam and Lincoln. Segundo o diário britânico The Guardian, no estúdio esteve também Seamus Murphy, o fotojornalista que vai fazer um filme à volta do processo criativo.

Consta que as letras já estarão finalizadas e que parte do material terá sido pré-gravado, embora a inglesa e os produtores queiram dar espaço à improvisação, voltando à disposição que prevaleceu no último álbum que, segundo Harvey, terá estado próximo do espírito de gravar como se fosse num contexto de concerto.

“Quero que ‘Recording In Progress’ funcione como se fosse uma exposição numa galeria”, disse a cantora antes do início da sessão. “Espero que os visitantes sejam capazes de experimentar o fluxo e a energia do processo de gravação.”

O projecto durará até 14 de Fevereiro, com 45 minutos diários de gravação, perante alguns ouvidos e olhos selectos. O álbum será posteriormente lançado pela Island Records durante 2015.