Palácio Valflores vai ser comprado por 750 mil euros

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Exemplar do renascimento português está abandonado há décadas e perto da ruína Público

A Quinta de Valflores, em Santa Iria da Azóia, um conjunto arquitectónico do século XVI que se encontra em avançado estado de ruína, pode vir a ser finalmente recuperado. Depois da quase total derrocada de uma varanda composta por dez arcos - a jóia do palácio fundado por Jorge de Barros - o edifício deverá sofrer uma intervenção de urgência.

O Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar) vai encarregar-se de fazer o seu escoramento, com o objectivo de impedir que caia por terra. "Neste momento estamos apenas à espera que a Direcção Regional de Lisboa nos apresente o relatório técnico. Assim que estiver concluído, começaremos a montar os andaimes. Consoante as suas conclusões, poderemos avançar para um escoramento global ou parcial, envolvendo só a varanda", garantiu ao PÚBLICO Paulo Pereira, um dos vice-presidentes do Ippar.

Sublinhando o carácter de excepção da intervenção do instituto no processo, Paulo Pereira acrescenta: "Há obrigações que não competem ao Estado. Tratando-se de uma propriedade privada, o Ippar não é de modo nenhum forçado a intervir. Nós vamos fazê-lo, enquanto responsáveis genéricos, porque lhe reconhecemos um grande valor."

O seu actual estado de degradação, consequência de décadas de abandono e ocupações intrusivas, pode estar à beira do fim. A quinta, até à data propriedade da Sociedade Agrícola Casa Reynolds, foi comprada pela Jodipe, uma empresa local, no âmbito de um abrangente pacote de aquisições que envolve terrenos na Quinta das Amoreiras e na zona dos Salgados. Classificada como imóvel de interesse público desde 1978, deverá vir a ser ocupada por uma entidade privada. Segundo Vasco Martins Costa, responsável pela Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), essa entidade poderá investir na recuperação do conjunto e dispor-se a garantir a sua fruição pública. "Há já dois anos que procuramos uma entidade mecenática que queira fazer do palácio a sua sede, investindo na sua requalificação. A Jodipe cede o imóvel, num esforço notável, já que o comprou consciente de que se tratava de uma área não edificável", afirma o director-geral, que garante estar já em negociações com uma empresa privada com tradições de investimento na área do património cultural.

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