Os livros de fotografia por quem os faz

A Feira do Livro de Fotografia mudou-se para o Arquivo Municipal de Lisboa. A partir de hoje (durante três dias), prioridade à auto-edição e às maquetes.

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A entrada na feira, que se prolonga até domingo, é livre DR
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A entrada na feira, que se prolonga até domingo, é livre DR

Depois de cinco anos na Fábrica Braço de Prata, a Feira do Livro de Fotografia de Lisboa muda-se esta sexta-feira para uma casa mais familiar: o Arquivo fotográfico Municipal de Lisboa. A esta mudança junta-se um formato renovado, que terá nas edições de autor (e de pequena tiragem) e na exposição de maquetes um foco especial. Ao todo, haverá mais de 40 propostas de maquetes de fotolivros (“dummies”) de um grupo de fotógrafos e artistas que não se fecha na geração que está a sair dos (poucos) cursos desta área de formação académica em Portugal. Na bancada de auto-edição, que ocupará um espaço central na sala principal do arquivo da Rua da Palma, haverá mais de 80 obras.

Esta visibilidade de trabalhos fotográficos que estão fora do circuito tradicional do livro naquela que é a única feira do género em Portugal “corresponde a uma vontade cada vez maior de arriscar” por parte dos autores, diz ao PÚBLICO o fotógrafo francês Fabrice Ziegler, o principal mentor desta feira. “Os fotógrafos em Portugal perderam o medo, decidiram arriscar mais, porque não encontram resposta no mercado livreiro instituído. Há um grupo alargado de pessoas a materializar projectos e criar uma dinâmica muito interessante”, explica Ziegler para quem “os autores serão o mais importante” dos três dias em que vai durar a feira que, para além da venda de livros, apresenta um leque variado de iniciativas. O primeiro dia será dedicado ao ensino da fotografia. Às 17h, uma mesa-redonda com o tema “O contributo da escola na formação do artista fotógrafo”, com a participação dos fotógrafos Ana Janeiro, Hermano Noronha e José Luís Neto. Um pouco mais tarde, a conversa será orientada para “A prática editorial no contexto académico”, com as participações, entre outros, de Pedro Tropa (Ar.Co), Bruno Sequeira (Atelier de Lisboa), Valter Ventura (Instituto Politécnico de Tomar) e Susana Gaudêncio (ESAD).

Se bem que não seja propriamente uma novidade, a aposta da feira em mostrar trabalhos que estão numa fase germinal conhece este ano um grande crescimento. Na edição do ano passado, por exemplo, revelaram-se apenas uma dezena de maquetes (este ano chega às quatro dezenas). E no campo da auto-edição, o número de obras apresentadas cresce para mais do dobro. Durante os três dias da feira, haverá vários momentos em que os autores poderão apresentar os seus trabalhos para uma plateia.

Depois de no ano passado a atenção ter sido voltada para a Lituânia, os organizadores decidiram focar-se este ano na produção de fotolivros do Brasil, que será o país convidado. Em resposta a uma convocatória lançada há meses, serão mostradas as propostas de mais de 50 artistas e editoras vindos do outro lado do Atlântico. Ziegler explica a escolha deste destino com “uma produção de fotolivros de grande qualidade e em quantidade”. Ao todo serão mostradas cerca de 60 obras. Segundo a organização, depois do fim da feira a maioria destes livros será doada à biblioteca do Arquivo Municipal, onde poderão ser consultados livremente.

Para além, das mesas-redondas, haverá também várias apresentações de fotolivros, entre as quais a de Álamos, de João Mota da Costa, que será debatido por Filipa Valladares (livreira) e David-Alexandre Guéniot (editor da Ghost) que, em conjunto com Patrícia Almeida, falará ainda do processo criativo do livro Ma Vie va Changer.

Entre os expositores há novidades no campo das editoras, com destaque para a Avarie de Giuliana Prucca (França/Itália), que propõe “um outro olhar sobre o trabalho de edição, entre o diálogo, curadoria e arte”. O método de edição da Avarie - que já editou fotógrafos de renome como Antoine d’Agata - passa por acompanhar os autores durante muito tempo (entre um e três anos) para que “melhor os possa ajudar a pensar e a concretizar um livro de fotografia”. Para além das livrarias que desde a primeira edição participam neste encontro (Alexandria, STET, Bookhouse…), a edição deste ano conta com a presença da alemã Malenki, conhecida pelo cuidado que coloca em todos os passos da produção de edições de artista.

Hoje, a feira está aberta entre as 16h e as 21h. No sábado e domingo, a abertura é às 11h e o fecho às 19h. A entrada é livre.

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