Fumaça Preta: um novo tropicalismo chega à ZDB

A banda criada pelo luso-venezuelano Alex Figueira e radicada em Amesterdão actua esta quarta-feira em Lisboa. Sexta estará no festival Milhões de Festa, em Barcelos.

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Fumaça Preta, o homónimo álbum de estreia será editado dia 15 de Setembro pela londrina Soundway Records Caroline Bittencourt

Tudo começou quase por acaso. Alex Figueira aproveitou a estadia em Amesterdão de um amigo brasileiro recente e do baixista de uma banda inglesa e meteu-os no seu Barracão, o estúdio que construiu na cidade. Dessa rápida sessão saiu A Bruxa, versão de The Witch, o clássico dos proto punks The Sonics. Foi o início. Os Fumaça Preta estavam a chegar.

Acreditem que vamos querer ouvi-los. Hoje é a primeira oportunidade. A banda que faz do Tropicalismo brasileiro banda sonora imaginária para o remake de um filme de Glauber Rocha (realizado por Tarantino) actua esta noite, quarta-feira, na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa (23h, 8€), antes da subida a norte para animar o Milhões de Festa, em Barcelos, sexta-feira.

Estamos a três semanas da edição do homónimo álbum de estreia, marcado para 15 de Setembro e com distribuição garantida pela londrina Soundway Records. A Bruxa ficou lá atrás e, entretanto, já ouvimos o segundo single, Vou-me libertar, e já tivemos oportunidade de conhecer o disco prestes a sair. Afirmamos, portanto, com propriedade: preparemo-nos para coisa boa. Os Fumaça Preta são reverberação dub e colorido psicadélico cuidadosamente criado em estúdio, são balanço funk, noite tropical e fuzz rock’n’roll. São tropicalistas sem país: Alex Figueira é luso-venezuelano, Stuart e James são ingleses de Brighton, Kika Carvalho é paulista, Joel Stones, que gravou o disco mas não acompanha a banda ao vivo, é brasileiro emigrado nos Estados Unidos, especialista na música das décadas de 1960 e 1970 do seu país (é dele a responsabilidade da compilação de 2010 Brazilian Guitar Fuzz Bananas).

Os Fumaça Preta são uma criação de Alex Figueira, nascido na Venezuela, de origens madeirenses, e emigrado para Amesterdão em 2006. Em conversa com o PÚBLICO, no âmbito de uma reportagem sobre o Milhões de Festa que será publicada esta sexta-feira no Ípsilon, falou-nos da sua obsessão com o som, que o leva a passar horas em estúdio em busca do equilíbrio sónico perfeito (não confundir com limpidez), e do seu fascínio com o tropicalismo brasileiro de Mutantes ou Caetano: “com ele percebi que é possível juntar o folclore com centenas de anos a coisas ultramodernas vindas do estrangeiro”. Os Fumaça Preta, criados com dois ingleses fascinados pelo funk, pela soul, pela electrónica ou pelas experiências da música concreta, são o seu Tropicalismo. Teremos o privilégio de o descobrir esta semana em dois concertos. Primeiro: Galeria Zé dos Bois, Lisboa. Depois, Milhões de Festa. Aproveitemos.

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