Festival belga de cinema político cancelado por ameaças de terrorismo

Na programação do Ramdam estava Timbuktu, sobre a ocupação jihadista no Mali e candidato a Óscar, entre outros filmes.

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Timbuktu é candidato ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro DR

O Festival Ramdam, que começou terça-feira na cidade de Tournai e que tem como cabeça de cartaz o filme Timbuktu sobre a ocupação jihadista no Mali e candidato aos Óscares, foi cancelado quinta-feira na sequência de ameaças de que o seu recinto, o cinema Imagix, seria alvo de um atentado terrorista.

De acordo com a imprensa belga, as autoridades admitiram que existia um risco “de muito alto nível” de um ataque. O Imagix foi mesmo evacuado na quinta-feira pelas 17h, segundo o diário Le Soir, e deverá manter-se encerrado até dia 28, sendo que o festival terminaria dia 27. A organização informou que a decisão de suspender o resto do festival acontece por “decisão judicial”.

“Desde a sua criação em 2011, o festival Ramdam deu voz a diferentes sensibilidades culturais e promoveu os valores da abertura, do diálogo, da tolerância, liberdade e troca”, diz a organização do evento no comunicado que anuncia o cancelamento da sua 5.ª edição e que sublinha a importância da liberdade de expressão.

Além de Timbuktu, um dos cinco filmes candidatos ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e no qual o realizador Abderrahmane Sissako retrata a resistência de cidadãos do Mali à ocupação de jihadistas violentos, fazem parte do cartaz do festival um documentário que a revista Variety descreve como “controverso” sobre dois jornalistas suecos alvejados e sentenciados a 11 anos de prisão na Etiópia, realizado por Andreas Rocksén. Além destes filmes, que a imprensa belga tem associado ao potencial risco de ataque e às ameaças sofridas pela organização, estava agendada a presença no festival dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, que levariam à cidade belga o seu mais recente filme, Two Days One Night, que mereceu a Marion Cotillard uma nomeação para o Óscar de Melhor Actriz.

Desde o atentado no jornal satírico Charlie Hebdo, as autoridades belgas identificaram e fizeram uma rusga a uma célula jihadista na cidade de Verviers por suspeita de um ataque iminente. Esta semana, o Museu Hergé, na povoação belga de Lovaina-a-Nova, cancelou uma exposição de homenagem ao Charlie Hebdo, que deveria ter-se inaugurado quinta-feira, por razões de segurança, sendo que o seu director, Nick Rodwell, admitiu retomar o plano da mostra  “se o nível de alerta diminuir nos próximos dias ou semanas”.

 

 

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