Dalila Rodrigues deixa CCB

A historiadora de arte, que abandonará também a administração da Fundação Berardo, tinha a seu cargo no CCB os pelouros das exposições, da comunicação e do marketing.

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Dalila Rodrigues Pedro Cunha/Arquivo

Dalila Rodrigues vai deixar a administração do Centro Cultural de Belém (CCB) no final deste mês, quando terminar o seu mandato. A saída da historiadora de arte e ex-directora do Museu Nacional de Arte Antiga foi confirmada ao PÚBLICO pelo gabinete do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, que “agradece o empenho e dedicação” da administradora e adianta que esta sai do CCB “a seu pedido e por vontade de regressar à carreira académica”.

A sua indisponibilidade para exercer um eventual segundo mandato fora já também comunicada ao presidente do CCB, António Lamas, e à Fundação de Arte Moderna e Contemporânea Colecção Berardo, na qual Dalila Rodrigues representa o CCB.

Depois de Fernando Seara, ex-presidente da Câmara de Sintra, ter sido escolhido no mês passado, por acordo entre o Governo e o próprio coleccionador, para ocupar o lugar que estava por preencher na administração da Fundação Berardo, a saída de Dalila Rodrigues vem agora criar uma nova vaga, que terá obrigatoriamente de ser ocupada por um administrador do CCB. Se nem António Lamas nem Miguel Leal Coelho, que deverá manter-se no CBB, assumirem a função, o sucessor de Dalila Rodrigues, ainda por anunciar, irá igualmente substituí-la na Fundação Berardo.

Se esta saída de Dalila Rodrigues, que deverá regressar à docência no Instituto Politécnico de Viseu e na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, parece ter sido pacífica, a sua passagem por outros cargos públicos nem sempre terminou de forma tão tranquila.

Doutorada em História de Arte pela Universidade de Coimbra, Dalila Rodrigues ganhou notoriedade enquanto directora do Museu Grão Vasco, em Viseu, funções que desempenhou entre 2001 e 2004. Nomeada pouco após o encerramento do edifício para obras de renovação, a cargo do arquitecto Eduardo Souto Moura, era ainda directora quando o museu reabriu, com pompa e circunstância, em Maio de 2004.

O sucesso do novo programa museológico que concebeu para o Grão Vasco levou a que Maria João Bustorff, então ministra da Cultura, lhe tenha confiada, em Setembro desse mesmo ano, a direcção do Museu Nacional de Arte Antiga. E o aumento muito significativo do número de visitantes, o êxito de algumas grandes exposições que promoveu, e ainda a capacidade que demonstrou para angariar mecenato, pareciam confirmar que Dalila Rodrigues fora uma escolha acertada.

No entanto, pouco antes de terminar o seu mandato, em 2007,o director do então Instituto dos Museus e da Conservação, Manuel Bairrão Oleiro, informou-a de que não seria reconduzida, uma decisão avalizada pela sucessora de Bustorff na tutela da Cultura, Isabel Pires de Lima. Em declarações à imprensa, Dalila Rodrigues, considerou a decisão “ideológica” e atribuiu-a ao facto de ter discordado publicamente do novo modelo de gestão que a ministra de José Sócrates tinha imposto aos museus.

Após uma efémera passagem pela direcção do departamento de Comunicação e Marketing da Casa da Música, no Porto, em 2008, a historiadora de arte foi convidada para dirigir o novo museu dedicado à obra de Paula Rego em Cascais: a Casa das Histórias, cujo edifício foi projectado por Souto de Moura.

O convite foi-lhe dirigido pela própria pintora, o que não impediu que Dalila Rodrigues viesse a ser afastada do projecto logo em 2009, decisão que lhe terá sido comunicada sem aviso prévio durante uma reunião na Câmara de Cascais. A autarquia limitou-se a esclarecer que a sua indicação  para o cargo de directora não fora validado pela administração da Fundação Paula Rego, mas os jornais adiantaram que o círculo mais próximo da pintora não se revia nos projectos que Dalila Rodrigues tinha para o museu.

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