Viseu promove simpósio do som

Artistas e especialistas internacionais em ecologia acústica reúnem-se em Viseu, em Julho, para discutir os sons que nos rodeiam

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Rui Gaudêncio

Viseu vai receber, em Julho, o simpósio internacional Invisible Places/ Sounding Cities, patrocinado pelo World Forum for Acoustic Ecology (WFAE), uma organização mundial que promove a sensibilização para a ecologia acústica e a investigação do meio ambiente sonoro nos seus aspectos social, cultural, científico e ecológico.

O encontro de Viseu, financiado pela autarquia, será o primeiro a decorrer na Península Ibérica com a chancela do WFAE. Os trabalhos abrem a 18 de Julho, quando se celebra o dia mundial da escuta, e a cidade receberá, até dia 20, dezenas de cientistas, artistas e organizações, que discutirão tópicos como o design do som e a sua relação com o planeamento urbanístico, a importância do ambiente sonoro na construção de relações de identidade com os lugares, ou ainda as utilizações do som na arte pública.

Com o tema do som a ultrapassar cada vez mais os seus campos de estudo tradicionais, como a física acústica ou a música, e a interessar antropólogos, urbanistas, arquitectos, artistas e cientistas dos mais diversos ramos disciplinares, este simpósio internacional, diz o texto de apresentação divulgado pela Câmara de Viseu,  vem “colocar Portugal no roteiro desta agenda internacional”.

Além do WFAE, associaram-se ainda a este simpósio o CRESSON, um centro de investigação sobre espaço sonoro e urbanismo integrado na Escola Superior de Arquitectura de Grenoble, e o programa europeu COST, dedicado à investigação e cooperação científica e tecnológica.

O programa do simpósio é da responsabilidade da investigadora portuguesa Raquel Castro, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCHS)da Universidade Nova de Lisboa,  e a respectiva comissão científica reúne um vasto e multidisciplinar painel de especialistas: Angus Carlyle, da University of Arts, em Londres, Eric Leonardson, presidente do WFAE, Jennifer Stoever-Ackerman, da Birmingham University, e editora da revista Sounding Out!, John Levack Drever, da universidade londrina Goldsmiths, ou  José Bragança de Miranda, também da FCHS da Universidade Nova.

O presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, está empenhado em que esta experiência não se esgote nos três dias do simpósio e admite que este encontro possa “ser uma semente para radicar em Viseu um laboratório de experiências e conhecimentos a respeito do som e do urbanismo”. E mostra-se convicto de que “uma cidade-média do interior, como Viseu, tem a escala certa para projectos desta natureza”.

O programa detalhado do simpósio está ainda a ser elaborado, mas já se sabe que este se estruturará em torno de três grandes painéis: “Arquitectura e Planeamento Urbano”, que terá como conferencista principal o sociólogo e urbanista francês Jean-Paul Thibaud, investigador do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e do CRESSON; “Sons Urbanos, Identidade e Pertença do Lugar”, coordenado pelo artista e teórico Brandon Labelle; e “A Arte Sonora como Arte Pública”, a cargo da artista e ensaísta suíça Salomé Voegelin, radicada em Londres, que publicou em 2010 o livro Noise and Silence: Towards a Philosophy of Sound Art.

A autarquia pretende ainda aproveitar a presença de investigadores e artistas de diversos pontos do mundo para realizar “uma intervenção artística internacional no domínio sonoro”, que deverá reforçar a programação do festival Jardins Efémeros, que se realiza na mesma altura. Pedro Rebelo e Ricardo Jacinto são dois dos artistas já convidados, que criarão instalações sonoras no centro histórico de Viseu.

 

Notícia corrigida. O encontro é financiado pela autarquia, mas não organizado por ela, como se lia no texto original.

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