UNESCO decide esta semana se dieta mediterrânica é Património da Humanidade

Portugal aliou-se à Espanha, Marrocos, Itália, Grécia, Croácia e Chipre numa nova candidatura de um património que já foi classificado em 2010

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A dieta mediterrânica inclui alimentos pouco processados, frescos e sazonais Rui Gaudêncio

Depois do fado, classificado há dois anos, o nome de Portugal poderá voltar a integrar, a partir desta semana, a lista de bens Património Imaterial da Humanidade. Numa candidatura conjunta com outros seis países, Portugal sujeitou à UNESCO a classificação patrimonial da dieta mediterrânica, e a decisão será tomada no decorrer da 8.ª sessão do comité intergovernamental da organização, que decorre entre esta segunda-feira e o próximo sábado, dia 7, em Baku, capital do Azerbeijão.

A candidatura transnacional – que integra também a Espanha, Marrocos, Itália, Grécia, Croácia e Chipre – foi apresentada na sede da UNESCO em Paris em Março de 2012, e veio sobrepor-se à classificação que a organização tinha já feito da dieta mediterrânica em Novembro de 2010, nessa data apenas relativa a quatro países: Espanha, Marrocos, Itália e Grécia.

Coube à cidade de Tavira, através da câmara e do museu municipal, a organização da parcela portuguesa da candidatura, que contou também com a intervenção da Universidade do Algarve e do Ministério da Agricultura.

A cidade algarvia, que centraliza uma herança milenar de património material e imaterial decorrente da presença no território de várias comunidades e civilizações mediterrânicas – fenícios, romanos, islâmicos, antes do povoamento português no século XIII –, foi palco de um conjunto de acções e  iniciativas nos últimos dois anos tendo em vista a candidatura. Além do inventário da dieta mediterrânica, a autarquia organizou uma feira gastronómica e cultural no último mês de Setembro, cujo programa incluiu o lançamento da segunda edição de Festa dos Gostos, uma compilação de 175 receitas tradicionais da região algarvia.

Na altura, Jorge Queiroz, sociólogo, director do Museu Municipal de Tavira e coordenador do projecto da candidatura – e que integra a delegação portuguesa que esta semana se encontra em Baku –, salientou que a preocupação da UNESCO é apreciar se o elemento dieta mediterrânica, que passou de geração em geração, está vivo”, muito mais do que a comercialização ou a mediatização dos produtos (ver PÚBLICO de 1/9/2013).

A possível classificação da dieta mediterrânica como Património Imaterial da Humanidade, abrangendo Portugal, terá implicações culturais, turísticas e mesmo jurídicas, para o país e para a região algarvia. Além de que chamará a atenção para as virtudes de um regime de alimentação segundo o padrão alimentar mediterrânico, baseado em alimentos de origem vegetal – produtos hortícolas, cereais e frutos secos –, mas também de pescado fresco, azeite e vinho, e já reconhecido pela Organização Mundial de Saúde.

 

 

 
 

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