Phil Ramone, o Papa da Pop, morreu aos 79 anos em Nova Iorque

O produtor e engenheiro de som recebeu 14 Grammys ao longo da sua carreira.

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Phil Ramone em 2006 REUTERS/Lucas Jackson

Aquele a quem chamavam o Papa da Pop, o produtor e engenheiro de som Phil Ramone, morreu aos 79 anos, neste sábado, num hospital de Nova Iorque disse o seu filho Matt ao The Hollywood Reporter .

Aos 7 anos, Phil Ramone era violinista em salas de concerto. Aos 10, actuou para a família real britânica. Porém, não seria o seu talento enquanto violinista, aprimorado com uma bolsa na Juilliard School, em Nova Iorque, que o tornaria uma figura de relevo da indústria musical americana. Foram os seus ouvidos, a sua capacidade de colocar em disco aqueles com quem trabalhava que levaram hoje Stevie Wonder a descrevê-lo, perante o anúncio público da sua morte, sábado, na sequência de um aneurisma que levara ao seu internamento em Fevereiro, como "a estrela das estrelas por trás das estrelas".

Engenheiro de som e produtor, Phil Ramone, nascido na África do Sul em 1934 e cidadão americano desde os 12 anos, cruzou-se no decorrer da longa carreira com Frank Sinatra, Billy Joel, Bob Dylan (Blood on the Tracks), Paul Simon (Me and Julio down by the schoolyard, Still Crazy After All These Years). Gravou Marylin Monroe a cantar o famoso Happy birthday Mr. President a John Kennedy. E foi o engenheiro de som que, em 1964, captou o encontro em estúdio entre João Gilberto e o saxofonista Stan Getz, de que resultaria Getz/Gilberto, e foi um dos grandes defensores do CD, numa altura em que a indústria considerava pouco apetecível para o mercado. 52nd Street, álbum que produziu para Billy Joel, editado originalmente em 1978, foi reeditado em CD quatro anos depois, tornando-se o primeiro lançamento comercial no novo formato. 

Vencedor de 14 Grammys, creditado em obras de músicos tão diversos quanto Aretha Franklin, Stevie Wonder, Paul McCartney, Barbra Streisand, Elton John ou Ray Charles, produziu também música para teatro, cinema e televisão, com destaque para o trabalho em Flashdance, Nasceu Uma Estrela ou Os Caça-Fantasmas.

Numa entrevista à Billboard em 1996, recuperada domingo pela revista, conta como o seu percurso enquanto produtor nasce da rebelião contra "as regras da música clássica": "Comecei a tocar jazz e a amplificador o meu violino para o fazer soar diferente", contava. Perante a oposição do corpo docente da escola, iniciou-se nos concertos em clubes e tornou-se assistente num estúdio nova-iorquino chamado JAC. "O meu lado de engenheiro já estava presente mesmo sem eu saber o que era realmente".

Para Phil Ramone, que não tem qualquer ligação aos Ramones, a histórica banda punk nova-iorquina cujos elementos partilhavam o mesmo apelido como pseudónimo, o trabalho de um produtor passava pela discrição. "Temos que deixar o ego onde ele deve estar", dizia na supracitada entrevista à Billboard. "Com o artista, com a canção e com a equipa que reunimos. Se pensas que tens um estilo e o impões às pessoas, estás a prejudicar a verdadeira essência da tua criatividade".

Corrigido às 18h32: Acrescentado que era a britânica a família real para a qual tocou Phil Ramone. 
 

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