As improvisações de Howe Gelb vão passear por Aveiro, Torres Novas e Torres Vedras

Gelb e Mark Kozelek, ex-Red House Painters, são os principais nomes do Festival Vagabundo, que parece uma homenagem à "Americana".

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Howe Gelb DR

O Festival Vagabundo, que começa esta quinta-feira em três cidades portuguesas (Aveiro, Torres Novas e Torres Vedras) e termina sábado, poderia muito bem ter outro nome – ser o Americana, por exemplo, visto ter sido esse o termo que se usou, na década de 1990, para caracterizar a música de gente como Howe Gelb e Mark Kozelek, os cabeças-de-cartaz de um festival em que só JP Simões foge a esse universo. Josephine Foster, a portuguesa Emmy Curl e o iraniano radicado em Portugal Mazgany são os restantes nomes.

O modelo do Vagabundo, não sendo único, é original (que mais não seja por passar ao lado das maiores cidades do país) e promove emparelhamentos inusitados. Hoje Gelb toca em Aveiro, no Teatro Aveirense. No Teatro Cine, em Torres Vedras, é Josephine Foster a subir ao palco. Howe Gelb, que partilha editora com Foster, descreve a música desta como “uma espécie de transe” semelhante ao que Buffy Saint-Marie alcançava em Illuminations, disco de 1970. No Teatro Virgínia, em Torres Novas, JP Simões e Mark Kozelek partilham o palco. O músico americano, que depois dos Red House Painters criou os Sun Kill Moon, editou vários discos este ano, um dos quais, Mark Kozelek & Desertshore, criado com músicos das suas anteriores bandas, tem sido alvo de merecido destaque.

Amanhã Kozelek e JP Simões sobem a Aveiro, enquanto Gelb vai a Torres Vedras e Josephine Foster e Mazgany vão a Torres Novas. Esta dupla actua no Teatro Aveirense a 12, dia em que Kozelek e Simões dão um pulo a Torres Vedras e Gelb e a portuguesa Emmy Curl emparelha com Gelb em Torres Novas.

O criador dos Giant Sand (e de inúmeros outros projectos, como os OP8) está em vias de lançar The Coincidentalist, o seu primeiro disco a solo em três anos. O disco só estará nas lojas daqui a um mês, mas haverá “cópias do disco para vender no final dos espectáculos em Portugal”, segundo disse Gelb, ao telefone, ao PÚBLICO.

Alguns temas de The Coincidentalist constarão das actuações do histórico Gelb, que descreve o álbum como “uma colecção de canções muito melódicas”. O disco foi gravado por uma banda constituída por um conjunto de estrelas: “Steve Shelley [dos Sonic Youty] esteve na bateria, M Ward [conhecido tanto pelo seu trabalho a solo como nos She & Him] na guitarra, antiga malta dos Giant Sand juntou-se, o Bonnie Prince Billy canta uma canção.” “É como uma reunião de família”, disse Gelb acerca do processo de feitura de Coincidentalist, “juntamo-nos e fazemos churrascos e aproveitamos e fazemos canções”.

O álbum é o primeiro desde Alegrías, de 2010. Antes Gelb havia editado 'Sno Angel Like You, um disco grandioso em que regravava, com a ajuda de um coro, temas de Rainer Ptacek, com quem fundou, na segunda metade da década de 1980, os Giant Sand, a banda que praticamente inventou a "Americana". De formações posteriores dos Giant Sand nasceram os Calexico.

Gelb, que já actuou a solo em Portugal, vai tocar em duo. "Teremos baixo, guitarra e piano e vamos trocando de instrumentos de acordo com o que as canções pedirem.” O alinhamento será “imprevisível”: “Quando toco tudo pode acontecer. Todo o material pode aparecer. Será o que me apetecer no momento. Sou um improvisador e ao longo destes anos descobri que as canções têm muitas vidas, de acordo com os instrumentos e o humor com que são tocadas. Gosto que as canções voltem à vida de maneira diferente da que conhecíamos. E nunca toco a mesma canção da mesma maneira.”

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