Director do Ballet Bolshoi foi atacado com ácido em Moscovo

Serguei Filin, responsável pela mais famosa companhia de dança da Rússia, sofreu queimaduras de terceiro grau no rosto e ficou com a visão em perigo. Fala-se em ciúmes e em luta por lugares no palco do Bolshoi como móbil do crime, mas nada foi ainda confirmado.

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Serguei Filin num ensaio de "Lesson", em Outubro de 2007 YURI KADOBNOV/AFP

O director artístico do Ballet Bolshoi foi atacado quinta-feira à noite ao estacionar o carro perto da sua casa, no centro de Moscovo, tendo dado entrada num hospital com queimaduras graves no rosto.

O ataque, segundo os media russos, citados pelo jornal espanhol ABC, foi perpetrado por “um indivíduo não identificado” e com máscara, que lançou um frasco com líquido à cara de Filin, “presumivelmente ácido”.

Os médicos que o assistiram no hospital mostraram-se principalmente preocupados com o estado dos seus olhos, que foram afectados por queimaduras de terceiro grau, e apontam para uma recuperação que pode demorar, pelo menos, meio ano. Segundo a agência Interfax, o ex-bailarino, de 42 anos, deverá mesmo ser enviado para tratamento para a Alemanha ou Israel.

Diz o ABC que os companheiros de Filin no Teatro Bolshoi admitem que o ataque possa estar associado à sua actividade profissional e a ciúmes e lutas motivadas pelas suas decisões à frente da companhia. Filin “foi ameaçado repetidas vezes, desde que assumiu o cargo”, em 2011, disse a assessora de imprensa do Bolshoi, Katerina Nóvikova.

“Antes da sua chegada, também os seus antecessores eram constantemente pressionados, mas nunca imaginámos que a luta por um papel pudesse chegar a estes extremos; sempre acreditámos que as pessoas ligadas ao meio teatral tivessem um mínimo de decência moral”, acrescentou Nóvikova, admitindo, agora, que este é “um episódio absolutamente assustador”.

Na véspera do ataque, o automóvel de Serguei Filin tinha já sido vandalizado, e o director artístico do Bolshoi vinha recebendo ameaças telefónicas frequentes. Mas recusou a oferta de um familiar para que passasse a ser acompanhado por um guarda-costas, segundo o New York Times.

O mandato de Serguei Filin na direcção do Bolshoi é de cinco anos. Logo que tomou posse, em Março de 2011, o novo director artístico retirou a David Hallberg – o primeiro norte-americano a ocupar um lugar que é normalmente reservado a artistas rusos – o estatuto de bailarino principal da companhia.

Ainda que a direcção que Filin imprimiu ao Bolshoi não seja especialmente controversa – como disse ao NYT o jornalista Raymond Stults, um especialista e crítico de dança que escreve no diário de língua inglesa Moscow Times –, a verdade é que o Teatro Bolshoi, já com 234 anos de história, tem sido “palco” de uma acesa luta pelo poder, e alvo de sucessivas críticas, que se manifestaram nomeadamente no decorrer das obras de reconstrução desta pérola da arquitectura e das artes cénicas russas, que reabriu ao público em Outubro de 2011.

 
 
 

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