Coleccionador Berardo disponível para tirar Museu do CCB desde que fique em Lisboa

Joe Berardo compreende a impossibilidade do Estado comprar a colecção mas não aceita que as suas obras possam ser expostas noutra cidade que não Lisboa.

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Joe Berardo diz estar tranquilo PÚBLICO/Arquivo

O coleccionador e empresário Joe Berardo disse esta terça-feira à agência Lusa que está aberto a retirar a colecção de arte instalada no Centro Cultural de Belém (CCB) depois de 2016, desde que seja mantida num espaço em Lisboa.

“Ainda faltam dois anos. Quando chegar o momento vamos avaliar. Não tenho nada contra a colecção sair do Centro Cultural de Belém, mas teria de ficar em Lisboa”, disse o coleccionador sobre o futuro do projecto cujo acordo com o Estado termina em 2016.

Na edição do último sábado, o semanário Expresso publicou uma entrevista ao Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, que disse não colocar de parte a hipótese do museu ser instalado noutro ponto da cidade, ou até fora de Lisboa.

Barreto Xavier disse também que o Governo não tem condições para gastar 316 milhões de euros no acervo, o preço mínimo estipulado pela leiloeira internacional Christie's em 2006, na sequência de um pedido de avaliação de ambas as partes.

Contactado pela Lusa sobre os projectos para o futuro do museu, Joe Berardo disse compreender as actuais circunstâncias de crise económica do país e a impossibilidade do Estado comprar a colecção.

“Seis meses antes de terminar o acordo vamo-nos sentar, e negociar. Eu sempre quis que a colecção ficasse em Portugal. E também gostava que ficasse no CCB, mas poderia ser noutro espaço cultural em Lisboa, como o Pavilhão de Portugal”, edifício projectado pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira para a realização da Expo 98 no Parque das Nações.

Em 2006, um acordo assinado para dez anos – entre o Estado, através do então Ministério da Cultura, e Joe Berardo – determinou a criação do museu com uma colecção de 862 obras de arte moderna e contemporânea.

De acordo com dados do Museu Berardo, cerca de 3,6 milhões de visitantes passaram pelas suas exposições, desde 2007 até ao final de 2012.

Sobre a hipótese do museu sair da capital para outro ponto do país, Joe Berardo recusou a ideia: “Anteriormente chegou-se a pensar no Porto, mas já existe a Fundação de Serralves. A cidade está bem servida de arte contemporânea”. “Em Lisboa só existe o Museu do Chiado, que é pequeno. A capital precisa de um museu com esta colecção”, defendeu.

Sobre a hipoteca a obras valiosas da colecção, mencionada na notícia, e que estariam em risco devido a execução bancária, o coleccionador disse apenas: “Não tenho nenhumas obras hipotecadas”.

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