Bolshoi anunciou a bailarina Galina Stepanenko como directora interina

Stepanenko, de 46 anos, não era a escolha esperada para a substituição de Sergei Filin à frente da companhia de dança do teatro

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Stepanova no clássico O Lago dos Cisnes Alexander Nemenov/AFP
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Stepanova com Boris Yeltsin em 1996 Viktor Korotayev/Reuters

Terá sido uma surpresa para os que conhecem os meandros do Bolshoi e que, até segunda, davam Ruslan Pronin, o adjunto de Sergei Filin, como seu quase certo substituto. Não foi a decisão do Bolshoi. Anatoly Iksanov, o director-geral do teatro, anunciou esta terça-feira que a antiga bailarina Galina Stepanenko, de 46 anos, assumirá a direcção artística da companhia de bailado até ao regresso de Filin, após a recuperação das lesões causadas no seu rosto e olhos pelo ataque com ácido sulfúrico de que foi alvo na semana passada.

“Estamos todos chocados com o que aconteceu", disse Stepanenko à televisão russa, citada pela AFP. Para acrescentar: “Temos que nos concentrar e mantermo-nos unidos.”

Nascida em Moscovo e formada pela Academia Pública de Coreografia, Stepanenko foi solista do Teatro Académico Público de Ballet Clássico (1984-88) e passou pela Companhia Académica de Ballet Stanislavsky e Nemirovich-Danchenko (1988-90) chegando ao Bolshoi em 1990 como bailarina principal e interpretando as protagonistas de clássicos como O Lago dos Cisnes, Giséle e Dom Quixote.

Filin, que foi atacado à porta de casa na última quinta-feira, perto da meia-noite, terá ontem voltado a ser operado de emergência aos olhos. No sábado, o pessoal médico do Hospital Municipal nº 36, onde está internado, disse que não deverá ficar cego, apesar de só dentro de um mês ser possível avaliar todos os potenciais danos permanentes.

Até à tarde desta terça-feira não havia notícia de qualquer anuncio pela polícia russa de suspeitos ou testemunhas do crime, mas ao longo dos últimos dias psicólogos e psiquiatras foram afirmando que o caso tinha todos os contornos de uma vingança pessoal.

Em vez disso, tanto o Bolshoi quanto Filin têm falado em pressões ligadas ao cargo, numa companhia com 213 bailarinas e bailarinos, mais mestres de ballet, ensaiadores, músicos, massagistas, directores de casting, consultores, produtores…Já outros profissionais russos da dança, observadores estrangeiros e o próprio responsável na Duma, a assembleia russa, por assuntos fiscais e orçamentais, Maxim Rokhmistrov, falam numa vendetta da máfia.

Talvez Filin “tenha pisado os interesses da máfia que orbita à volta do Bolshoi”, disse Rokhmistrov citado pelo The Moscow Times. Terá “tudo a ver com corrupção”, disse ao mesmo jornal a antiga bailarina do Bolshoi Anastasia Volochkova.

Filin, que durante 20 anos foi bailarino no Bolshoi e que deverá agora demorar meses a recuperar, assumiu a direcção artística da companhia de bailado em Março de 2011, para preparar a mediática reabertura do teatro de 28 de Outubro desse ano, depois de encerrado desde 2005 para a execução de um colossal plano de restauro em que terão sido investidos 500 milhões de euros.
 
 

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