Alice Munro (1931-2024) elevou o conto contemporâneo à condição de obra de arte
Primeira canadiana a receber o Nobel da Literatura, a contista Alice Munro extraiu toda a complexidade da sua literatura dos lugares mais pequenos, das vidas mais normais. Morreu aos 92 anos.
“A paga do pecado é a morte”, disse a mãe da protagonista do conto Amada Vida, que dá título ao volume onde estão reunidas 14 histórias, as últimas publicadas por Alice Munro antes de ganhar o Nobel da Literatura em 2013. A frase visou justificar o acontecido à mãe de Diane, amiguinha de escola que subitamente deixara de aparecer nas aulas. “Eu não sabia na altura – e também não sei quando foi que descobri – que a mãe de Diane tinha sido prostituta e morrera de uma qualquer doença que as prostitutas aparentemente contraíam.” Os lugares das histórias de Alice Munro são pequenos, o que neles se passa não se reveste de qualquer espécie de grandiosidade. É a vida a correr entre a natureza e uma moral construída por costumes pouco questionáveis, tão tementes a Deus quanto à vizinhança. Quando alguma coisa ou alguém embatem nessa espécie de modelo de mundo, é aí que nasce a literatura de Munro.
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