Músico Joan Manuel Serrat venceu Prémio Princesa das Astúrias das Artes 2024

Pelo seu percurso artístico, que “transcende a música” e é um “exemplo cívico”, o autor catalão da canção Mediterrâneo foi escolhido por unanimidade e vai receber o prémio em Outubro.

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Joan Manuel Serrat fotografado em Dezembro do ano passado em Madrid Carlos Alvarez/Getty Images
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O músico catalão Joan Manuel Serrat foi distinguido com o Prémio Princesa das Astúrias das Artes 2024, por "um percurso artístico que transcende a música e se tornou um exemplo cívico", anunciou esta quarta-feira a organização.

O júri, que atribuiu o prémio por unanimidade, considera que na obra de Joan Manuel Serrat "a arte da poesia e da música unem-se ao serviço da tolerância, da partilha de valores, da riqueza da diversidade de línguas e culturas e de um desejo de liberdade".

Joan Manuel Serrat, nascido em Barcelona em 1943, é considerado um dos precursores da "nova canção" catalã, que se ergueu contra a repressão do regime de Franco, e é autor de Mediterrâneo, considerada uma das melhores canções da música espanhola de todos os tempos, escreveu a agência Efe.

Em nota biográfica, a Fundação Princesa das Astúrias recorda que, em 1968, Joan Manuel Serrat recusou-se a representar Espanha no Festival Eurovisão da Canção por não poder cantar em catalão, e que em 1975 teve de se exilar no México por criticar o regime ditatorial franquista.

"A trajectória de Serrat demarcou-se pelo compromisso e defesa da democracia e dos direitos humanos" e nos últimos anos o músico tem-se manifestado "muito crítico em relação ao rumo do independentismo catalão e à convocação do referendo, a 1 de Outubro de 2017", lê-se no comunicado da fundação.

Serrat, que se retirou dos palcos em 2021, gravou mais de 500 canções, editou mais de 40 álbuns e cantou poetas como Miguel Hernández, Pablo Neruda, Mario Benedetti e Federico García Lorca.

As suas canções, como Penélope, Palabras de amor e Cada loco con su tema, "fazem parte da memória emocional de várias gerações" em Espanha e no espaço ibero-americano, tanto em catalão como em castelhano.

“Penso que tive a sorte de viver momentos importantes, pessoalmente e como cidadão. Da ditadura à democracia, vi em várias etapas como os sonhos se iam desvanecendo e era necessário reinventá-los", dizia ao jornalista Nuno Pacheco, em 2015, numa entrevista ao PÚBLICO. E acrescentava: "Ou como na música latina em geral é cada vez mais difícil conquistar espaço a outros idiomas, e isso sucede com a música portuguesa, espanhola, italiana, que antes conviviam com muita comodidade. Vi erguerem-se ditaduras, e isso foi triste, mas também as vi cair. A vida é isto, uma combustão permanente. Mas tenho-me sentido bem com o meu trabalho, fazendo companhia ao tempo."

Ao longo da carreira, Joan Manuel Serrat somou várias distinções, doutoramentos honoris causa, condecorações em Espanha, Venezuela, Argentina, França ou México e venceu um Grammy Latino de carreira em 2014.

Joan Manuel Serrat já tinha sido proposto por diversas vezes para o Prémio Princesa das Astúrias das Artes e recebê-lo-á numa cerimónia em Outubro.

Serrat actuou em Portugal pela última vez, em concerto ao vivo, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em 2015, no âmbito da digressão que marcou os seus 50 anos de carreira.

Nos próximos dias, a Fundação Princesa das Astúrias vai anunciar prémios nas áreas da Comunicação e Humanidades, Desporto, Ciências Sociais, Letras, Cooperação Internacional, Investigação Científica e Técnica e Concórdia.

Cada um dos prémios tem um valor monetário de 50 mil euros.

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