René Pélissier (1935-2024), historiador da colonização, corrector de mitos e vulgatas

Ergueu uma obra historiográfica fundamental sobre o colonialismo português; alérgico às versões higienizadas da “epopeia” colonial, era também muito crítico das vulgatas anticolonialistas.

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Nos últimos anos, Pélissier foi um divulgador incansável da historiografia que se ocupava das realidades coloniais “lusófonas” nos séculos XIX e XX Rui Gaudêncio
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René Pélissier, falecido em finais de março num hospital da região de Paris, deixa-nos uma obra ímpar sobre a dimensão militar da colonização portuguesa, da Guiné a Timor, nos séculos XIX e XX. Por vicissitudes várias, foi sobretudo um historiador de biblioteca, de fontes impressas e de bibliografia secundária, que conseguia ler em várias línguas (para além do seu idioma materno, o francês, dominava o inglês, alemão, espanhol, português, e numa fase mais tardia, o neerlandês). Nos anos 1960, quando começou a visitar Lisboa para se documentar acerca das campanhas militares de Angola na segunda metade de oitocentos, a direção do Arquivo Histórico-Ultramarino negou-lhe o acesso ao depósito central. Estava-se em plena Guerra Colonial, e o regime salazarista tinha ainda a memória fresca das investidas recentes que historiadores como o britânico Charles Boxer haviam conduzido contra alguns dos mitos da colonização portuguesa.

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