Filomena

Judi Dench como mãe-coragem irlandesa que, 50 anos depois, ganha finalmente coragem para ir à procura do filho que foi obrigada a dar para adopção? Queremos, claro - até porque se há coisa que Stephen Frears sempre soube fazer foi dirigir actrizes (e podemos lembrar mais do que apenas o Óscar para Helen Mirren por A Rainha). Mas a história verídica de Philomena Lee, uma das vítimas dos conventos irlandeses de Maria Madalena usadas quase como trabalho escravo para expiar o pecado da concepção fora do matrimónio, queda-se por uma modorra mais convencional do que é habitual no autor de Anatomia do Golpe ou Chéri. Demasiado gentil para ser inteiramente convincente como denúncia dos males da religião, demasiado sarcástico para ser reconfortante como lição de vida de alguém que soube perdoar, Filomena tem uma dimensão “televisiva”, caseirinha, que nem a eficácia da dupla formada por uma Dench imperial e um Steve Coogan verrinoso (no papel do repórter caído em desgraça que procura a redenção investigando o caso) consegue salvar.

Sugerir correcção
Comentar