Final digno para uma série

"Shrek Para Sempre!" exala uma melancolia que o torna no mais adulto dos quatro filmes

As expectativas não eram grandes para a quarta (e, anuncia-se definitivamente, última) aventura do ogre verde, depois do capital realizado com o primeiro filme ter sido desperdiçado progressivamente mais com "Shrek 2" (2004) e "Shrek, o Terceiro" (2007). É, precisamente, por isso que "Shrek para Sempre!" é uma pequena surpresa. Sem estar ao nível da estreia (ainda a melhor longa saída até hoje da Dreamworks Animation), este quarto episódio - o primeiro a escapar ao controle dos criativos do filme original - sobe o nível abandonando a tendência para resumir tudo a gagues de "sitcom" e, literalmente, "reescrevendo a história" do filme original.

Numa pirueta de argumento que remete para o clássico de Frank Capra "Do Céu Caiu uma Estrela" (1946), o filme coloca um Shrek em crise de meia-idade a viver num Reino de Bué Bué Longe alternativo onde nunca chegou a nascer, o pérfido Rumpelstilzschen usurpou o trono e Fiona lidera a resistência ao tirano - forçando o ogre a reconquistar a amada que não sabe quem ele é para anular o feitiço e repor tudo no devido lugar.

Exalando um peculiar aroma de melancolia que o torna no mais adulto dos quatro filmes, "Shrek para Sempre!" não resolve o problema central das sequelas - o que começou como uma desmontagem subversiva dos contos de fadas acomodou-se nos próprios lugares-comuns de que fazia troça - mas pelo menos tem consciência dele, ao usá-lo como ponto de partida para uma última aventura que fornece um final digno para a série.

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