Receitas da Apple sobem 7%, mas o mercado chinês é excepção

As vendas do iPad subiram 15% e as do relógio inteligente da marca, 50%.

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A China já não é o grande motor de crescimento das vendas da Apple Reuters/Aly Song

O mercado chinês é a excepção ao sucesso da Apple, segundo os resultados financeiros da empresa divulgados esta terça-feira. A Apple acabou o terceiro trimestre de 2017 com 45,4 mil milhões de dólares em receitas (perto de 38 mil milhões de euros) – um valor que representa um aumento global de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior –, mas, na região da Grande China (que inclui Hong Kong, Macau e Taiwan), as receitas desceram 10% (cerca de 848 milhões de dólares).

Aquele mercado está entre os poucos valores negativos no relatório, que destaca um crescimento nas receitas globais de todos os produtos: as vendas do iPad subiram 15% em relação ao mesmo período do ano anterior, e – apesar da proximidade da chegada do novo iPhone –, a Apple vendeu mais 2% de smartphones do que no mesmo período de 2016. No sector dos aparelhos para usar (wearables), as vendas do Watch subiram 50% estre trimestre.

“Do ponto de vista das receitas, tivemos um crescimento muito forte em mercados emergentes, excluindo a China, e nesses mercados subimos cerca de 18%. É um recorde para nós”, disse o director executivo, Tim Cook, na apresentação dos resultados. No continente americano, as vendas subiram 13%, na Europa 11%, no Japão 3%, e nas restantes regiões da Ásia Pacífico (incluindo a Índia), 15%.

A equipa da Apple justificou em parte os valores no mercado chinês com a instabilidade monetária. Durante a conferência sobre os resultados, o director financeiro da Apple, Lucas Maestri, disse que “as variações no valor de câmbio da moeda, especialmente na Europa e na China, afectaram os valores reportados”. Já Tim Cook acentuou que a Apple verificou “uma aceleração na taxa de crescimento face à primeira metade do ano fiscal”, e aproveitou para destacar o sucesso do iPad (um produto que cresceu 15% globalmente face a 2016), na região. “Em mercados como a China e o Japão, mais de metade dos iPads foram vendidos a pessoas que nunca tinham tido um antes", disse Cook. 

Para a empresa de análise Strategy Analytics, porém, a culpa dos valores na China são do iPhone e estão a influenciar o sucesso global da empresa. “O iPhone da Apple saiu de moda na China e isto está a limitar o seu desempenho mundial”, avançou Neil Mawston, o director executivo da Strategy Analytics, na divulgação de um relatório global sobre o mercado de smartphones esta terça-feira.

Em contraste com a Apple, marcas chinesas como a Huawei e a Oppo têm registado um crescimento global na ordem dos dois dígitos. Mas o novo modelo de iPhone poderá ajudar as vendas. “A atenção vai-se virar para a introdução do esperado iPhone 8 da Apple, no final deste ano, e para a possibilidade do décimo modelo da marca ser diferente ou entusiasmante o suficiente para impulsionar uma recuperação”, referiu Mawston.

Tim Cook afirmou que manter uma boa relação com a gigante tecnológico chinês Tencent (o dono do WeChat, a aplicação de mensagens dominante na China) também pode ajudar a Apple a ganhar mais clientes no país. “Vejo a Tencent como um dos nossos melhores e maiores criadores. Têm feito um óptimo trabalho na adopção de elementos do iOS nas suas aplicações, e estamos motivados para continuar a trabalhar com eles”, disse Cook.

O director executivo espera que o novo sistema operativo da Apple para aparelhos móveis, o iOS11 – apresentado durante a WWDC 2017, a conferência anual de programadores da empresa – também atraia atenção, ao “tornar-se a maior plataforma de realidade aumentada assim que comece a ser exportado”. Para Cook, o mercado da realidade aumentada "pode ter aplicação muito extensa para as massas, através do sector da educação, entretenimento, jogos interactivos e outras categorias que ainda não foram pensadas."

Recentemente, a loja online da Apple na China também recebeu alguma atenção negativa após a empresa proibir a venda de aplicações de redes virtuais privadas (VPN), que são ilegais no país. Na altura, o fornecedor da aplicação ExpressVPN (um dos afectados pela decisão) escreveu que “é preocupante ver a Apple a ajudar os esforços de censura da China” e que “condena fortemente estas medidas que ameaçam a liberdade de expressão”.

Durante a apresentação dos resultados da Apple, Cook aproveitou para declarar: “É óbvio que preferíamos não remover as aplicações, mas, tal como fazemos noutros países, nós seguimos a lei onde quer que façamos negócios”. Mas acrescentou: “Isso não quer dizer que não mostremos o nosso ponto de vista de maneira apropriada”.

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