O que vai o patrão da Apple fazer na China?

Não é só nos Estados Unidos que a Apple de Tim Cook enfrenta problemas legais e políticos.

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A forte quebra das vendas da Apple na China preocupa o CEO Tim Cook. LUCY NICHOLSON/REUTERS

Tim Cook desloca-se este mês à China para reunir com altos responsáveis do Governo e do Partido Comunista Chinês (PCC), incluindo dirigentes da máquina estatal de propaganda, indica a Reuters.

A visita do patrão da Apple ao gigante asiático não é inédita, mas assume uma especial importância na sequência de uma série de reveses para a tecnológica norte-americana naquele que é o maior mercado da empresa fora dos Estados Unidos.

Na semana passada, a Apple registou o primeiro recuo trimestral nos seus resultados em 13 anos, bem como a primeira queda na venda do iPhone desde 2007. O recuo de 26% das vendas da marca na China (incluindo Hong Kong, Macau e Taiwan) foi determinante para esta rara entrada da empresa no vermelho. Em bolsa, a Apple encontra-se neste momento cerca de 30% abaixo da valorização máxima registada em Maio de 2015.

Os problemas da Apple na China foram, de resto, apontados pelo influente investidor Carl Icahn, um dos maiores accionistas individuais da empresa, para explicar a recente venda da totalidade da sua participação na tecnológica. Em entrevista à CNBC, Icahn disse estar preocupado com a degradação das relações entre a Apple e o Estado chinês, temendo que a empresa seja eventualmente proibida de operar no país.

Os problemas da multinacional na China não são apenas de mercado e têm uma dimensão política e legal. Em Abril, o serviço de venda digital de livros e de filmes da Apple foi suspenso naquele país, no âmbito de uma campanha das autoridades de Pequim para controlar os conteúdos partilhados e acedidos pelos seus cidadãos. Para Apple, esta acção de censura – ao abrigo de uma nova lei para reduzir a influência estrangeira na China – significa o fim de uma importante fonte de receitas.

A batalha legal e política em curso entre a Apple e os Estados Unidos, com a tecnológica a recusar ceder às autoridades o acesso a iPhones bloqueados no âmbito de investigações judiciais, também terá adensado os receios dos chineses face à impossibilidade de controlar totalmente a actividade da empresa no seu território.

A defesa da propriedade intelectual deverá ser outro ponto da agenda de Cook em Pequim. Esta semana, a Apple perdeu um processo na justiça chinesa contra um fabricante de bolsas de pele que utiliza a marca iPhone – a empresa chinesa alegou que usava a designação desde 2007, e que os smartphones da Apple só chegaram ao país em 2009. A multinacional norte-americana exige agora um novo julgamento, continuando a defender que está em causa a propriedade da valiosa marca de telemóveis. 

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