PJ analisa grupo de carros onde terá começado fogo do Andanças

Polícia ainda não determinou viatura que terá dado origem ao incêndio. Curto-circuito é uma das hipóteses em aberto, mas fogo intencional não está excluído.

GNR e organização estão a fazer levantamento exaustivo das viaturas danificadas.
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A GNR e a organização estão a fazer o levantamento exaustivo das viaturas danificadas Enric Vives-Rubio
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A Polícia Judiciária (PJ) já determinou a área de início do incêndio no parque de estacionamento do Festival Andanças que destruiu 422 viaturas e danificou parcialmente outras nove. Os inspectores da secção de investigação de incêndios da Directoria de Lisboa da PJ seleccionaram um grupo de carros que está a ser analisado minuciosamente. Mas ainda não identificaram a viatura que, em princípio, terá estado na origem do fogo.

Segundo o PÚBLICO apurou, os inspectores mantêm várias hipóteses em aberto, entre as quais a ocorrência de um curto-circuito num dos automóveis estacionados. No entanto, há outras teses em análise e os investigadores ainda não excluíram a possibilidade de se estar perante um incêndio intencional. Nesta quinta-feira, a equipa de investigação solicitou o apoio de um reboque na zona do sinistro para levantar algumas das viaturas e analisá-las em detalhe. À noite os inspectores ainda se mantinham no recinto do festival, que está a decorrer na Barragem da Póvoa, concelho de Castelo de Vide, em Portalegre.

Para determinarem a área de início do fogo, os investigadores tiveram que estabelecer o percurso do incêndio e fazer o caminho inverso, uma análise possível através da leitura dos danos e dos materiais.

A GNR mantinha nesta quinta-feira dezenas de militares no recinto do Andanças para fazer um levantamento exaustivo das viaturas danificadas. “Estamos a mapear a localização dos veículos, a fazer o balanço dos danos, a recolher o número dos chassis, as matrículas e a identificar os proprietários”, referiu o tenente-coronel Carlos Belchior, da GNR de Portalegre. Catarina Serrazina, da comissão executiva do festival, diz que face à complexidade da tarefa a organização esteve a apoiar a GNR. “Já todas as pessoas foram atendidas”, garantia ao final do dia.

Algumas companhias de seguros destacaram funcionários para o recinto do festival, onde estiveram nesta quinta-feira a apoiar os clientes e a dar informações.

Onda de solidariedade

Sobre o apoio que a organização está a dar aos afectados, Catarina Serrazina adianta que estão a tentar ajudar na deslocação das pessoas que ficaram sem meio de transporte. “Estamos a fazer um acompanhamento caso a caso”, explica. A responsável exemplifica que esta quarta-feira à noite um grupo de pessoas que necessitava de estar em Lisboa foi transportado para a capital numa viatura disponibilizada pela autarquia de Castelo de Vide. “Reforçámos ainda os transferes gratuitos que fazem a ligação às localidades mais próximas, onde existem meios de transporte”, acrescenta.

A cobertura dos danos promete dar muitas dores de cabeça aos prejudicados, essencialmente aos que não possuem seguros contra todos os riscos. Os que os têm poderão activar já as coberturas e conseguir uma indemnização rapidamente. Os outros lesados terão que esperar pelas conclusões sobre o que se passou. Catarina Serrazina admite que “esta é uma situação que transcende a organização”.

A responsável refere que é preciso esperar pelas conclusões, admitindo que este pode ser um processo demorado. “Só depois disso é que as seguradoras vão tomar as suas posições”, constata, reafirmando que a organização possui um seguro de responsabilidade civil, cujo valor não sabe precisar.

A Crédito Agrícola Seguros, com a qual a organização do festival fez uma apólice de responsabilidade civil, assegurou nesta quinta-feira que vai cumprir com as suas responsabilidades na sequência do incêndio. "Da nossa parte, sabemos que está a ser tudo articulado e de certeza que vamos cumprir com as nossas responsabilidades", afirmou à agência Lusa fonte do gabinete de comunicação da empresa.

Contudo, num comunicado emitido também hoje, a Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores (Deco) alerta que este tipo de seguros “não tem capitais mínimos exigidos”. “Além disso, este seguro só será activado se a investigação provar que houve responsabilidade por parte da organização. Caso se prove que teve origem num veículo estacionado, a seguradora não vai assumir o pagamento da indemnização”, realça a associação.

Neste caso, a Deco explica que será essencial saber quais as coberturas que possui a viatura que esteve na origem do fogo. O seguro obrigatório por lei é de um milhão de euros, um valor que a associação considera “claramente insuficiente” para cobrir os danos todos. A associação de consumidores realça, contudo, que é possível contratar capitais até 50 milhões de euros.

Uma onda de solidariedade entre os habitantes de Castelo de Vide permitiu responder a algumas necessidades imediatas das vítimas do incêndio, já que, além dos carros, houve quem ficasse sem roupa, calçado e tendas, que estavam guardados dentro dos automóveis.

Apesar do fogo, o festival continua com a programação inicialmente prevista. “Ao fim da tarde, os quatro palcos de baile estavam a funcionar com as oficinas de dança. E os participantes mantinham a sua boa energia habitual”, garantia Catarina Serrazina.

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