PS admite referendo ou primárias sobre autárquicas no Porto

A questão foi aflorada no partido por causa da contestação que existe sobre eventual apoio à recandidatura do independente Rui Moreira.

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Em 2013 o candidato do PS à Câmara do Porto foi o próprio Manuel Pizarro Dato Daraselia

O PS-Porto admite a realização de um referendo entre os militantes sobre as autárquicas no Porto, mas até pode ir mais longe. A questão foi apenas referida a nível interno, mas os dirigentes do PS no Porto não excluem a realização de eleições primárias, abertas aos simpatizantes do partido, se continuar a haver ”ruído” à volta desta questão, apurou o PÚBLICO junto de fonte socialista.

No partido, há duas posições completamente distintas em relação ao Porto. Uns querem ver o partido a disputar as eleições autárquicas contra o independente Rui Moreira, outros apostam no apoio ao actual presidente, com quem o PS tem um entendimento político desde a primeira hora e que assegura a governabilidade da autarquia.

Para já, o partido está concentrado na realização de plenários com todas as secções (que já se iniciaram) e o objectivo é ouvir o que os militantes pensam sobre a Câmara do Porto.“ Estes debates que estão em curso vão contribuir para auscultar a opinião das pessoas e espero que o PS tenha uma palavra a dizer em todos os processos autárquicos”, afirma o presidente da distrital, não ignorando que o “Porto, pela sua dimensão e pelo que representa a nível nacional, tem uma importância acrescida”.

O combate autárquico é uma grande aposta para a nova liderança da distrital do PS, mas Manuel Pizarro, eleito recentemente, não quer correr riscos e muito menos criar quaisquer tipo de embaraços à direcção do partido, que está atenta ao processo no Porto. Esta semana, o presidente da distrital, que é também vereador na Câmara do Porto, convocou todas as concelhias do distrito para uma primeira reunião (de apresentação) na qual foi analisada a situação política e em que se falou também da candidatura ao Porto. Mas Manuel Pizarro garante que a decisão quanto à candidatura à Câmara do Porto ”será definida de acordo com a estratégia e o calendário nacionais a seguir ao congresso nacional, marcado para Junho”. Esta é a posição defendida pelo presidente da maior distrital do partido, que já disse que o PS pode vir a apoiar Rui Moreira - que já anunciou estar disponível para se recandidatar a mais um mandato.

“O PS está muito tranquilo em relação às eleições autárquicas. Há concelhos onde somos poder e aí o que temos de fazer é trabalhar na consolidação da nossa influência“, afirma Pizarro ao PÚBLICO, revelando que, no processo de preparação das eleições, o partido vai fazer “uma abordagem serena e rigorosa às câmaras a que preside e valorizar o trabalho que foi feito”. A este propósito, enaltece o trabalho que alguns autarcas tiveram de fazer, dando particular destaque à Câmara de Gaia, onde - diz- “José Eduardo Victor está a fazer um milagre em função da situação financeira herdada dos seus antecessores”. “Encontrámos câmaras com muitas dificuldades financeiras. Para além de Gaia [antes liderada pelo social-democrata Luís Filipe Menezes], outra câmara que o PS encontrou com uma situação financeira desastrosa foi a de Paços de Ferreira, que era presidida por Pedro Pinto [PSD] ”, aponta Pizarro.

Mas o “grande objectivo", assume, “é ganhar novos municípios”, objectivo que inclui a Câmara de Matosinhos, que foi um feudo socialista durante muitos anos. Maia, Marco de Canaveses e Paredes são três autarquias, cujos presidentes não vão poder recandidatar-se e para as quais o PS olha com particular atenção.

A deputada Luísa Salgueiro, uma voz que se tem vindo a destacar na área da saúde, é o nome apontado para disputar a Câmara de Matosinhos no próximo ano, apesar de o líder da concelhia local, Ernesto Páscoa, já ter anunciado a sua disponibilidade para se candidatar. No entanto, em declarações ao PÚBLICO, este economista admitiu recuar, se a deputada Luísa Salgueiro vier mesmo a avançar.

Luísa Salgueiro, que foi convidada a integrar o novo secretariado distrital – um órgão de confiança do presidente da federação - tem-se mostrado indisponível para falar sobre uma eventual candidatura a Matosinhos, mas fontes socialistas garantem que o secretário-geral vê com bons olhos essa hipótese. António Costa quer que o processo eleitoral autárquico decorra de forma tranquila, longe das guerras fratricidas de outrora que deixaram feridas muito profundas na família socialista de Matosinhos.Manuel Pizarro acredita que o PS pode ganhar de novo a câmara, até porque o agora independente Guilherme Pinto, à frente da autarquia há três mandatos (os dois primeiros exercidos em nome do PS, que não quis apoiar a sua recandidatura em 2013), não se pode recandidatar. Manuel Pizarro aproveita para elogiar os todos os presidentes da Câmara de Matosinhos, afirmando que o “PS tem orgulho em todos eles”.Para coordenar o processo eleitoral, o PS encara a criação de uma pequena estrutura distrital.

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