Sondagem: Montenegro recupera nos pensionistas mas PS ainda lidera

AD já consegue 30% das intenções de voto entre os cidadãos com 65 ou mais anos. Em 2022, a força do PS neste eleitorado era esmagadora e apenas um quinto dos mais velhos aprovava o PSD.

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PS ainda lidera neste segmento do eleitorado, mas AD recupera nas intenções de voto entre pensionistas Nelson Garrido
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A estratégia de Luís Montenegro de recuperar o eleitorado mais velho, pensionistas que se zangaram com o PSD depois dos cortes de pensões no tempo da troika (Governo 2011-2015), parece estar a resultar. Enquanto nos últimos tempos o PS liderava de longe as intenções de voto nesta franja etária dos inquiridos, a sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 já demonstra alguma reconciliação deste eleitorado com a aliança de direita.

Apesar de o PS continuar à frente nesta faixa dos inquiridos – é, de resto, a faixa etária onde os socialistas obtêm maior percentagem, 37% –, a AD já atinge 30%. O PS continua assim a ser o partido com mais intenções de voto no eleitorado com 65 ou mais anos, no entanto a AD está a reduzir o fosso que se registou nas sondagens dos últimos anos. Uma tendência revelada pelos números e destacada pelos responsáveis pela sondagem.

No estudo do Cesop de Novembro passado, o PSD (com 19%) e o CDS (com 2%) tinham juntos 21% neste segmento eleitoral. Já a 5 de Fevereiro, a AD passou para 24% e nesta sondagem sobe para 30%. Por seu turno, o PS tem oscilado: tinha 35% em Novembro, baixou para 32% a 5 de Fevereiro e agora recupera para 37%. Assim, se em Novembro o PS tinha uma vantagem de 14 pontos percentuais para PSD e CDS, agora a diferença está em sete pontos percentuais (a 5 de Fevereiro era de oito). Ou seja, a vantagem caiu para metade da que existia.

De resto, esta sondagem demonstra que a AD consegue, por um ponto percentual, ser mais popular neste eleitorado do que na camada etária entre os 35 e os 64 anos, onde atinge 29%. Na sondagem feita na véspera das legislativas de 2022, o PSD só conseguia obter o apoio de um quinto dos inquiridos com 65 ou mais anos.

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Afastar Pedro Passos Coelho, o principal rosto das políticas da troika, da campanha eleitoral da AD pode ter custado um inimigo a Luís Montenegro, mas aparentemente está a fazer ganhar eleitores. Montenegro tem recorrido a muitos antigos líderes do PSD para acções de campanha – Aníbal Cavaco Silva, Francisco Pinto Balsemão, Manuela Ferreira Leite, José Manuel Durão Barroso –, mas decidiu não convidar Pedro Passos Coelho, de quem foi líder parlamentar nos anos do Governo que aplicou o programa da troika.

Nesta faixa, que já entra pela “meia-idade”, o PS fica atrás da AD, com apenas 19% das intenções de voto deste universo. O maior problema, tanto do PS como do PSD, são os jovens entre os 18 e os 34 anos. Mesmo assim, o PSD está em vantagem, atingindo 19% nesta faixa, enquanto apenas 10% do eleitorado jovem admite votar PS.

Onde o Chega tem mais eleitorado, segundo a sondagem, é precisamente nesta faixa etária: 17% dos jovens entre 18 e 34 anos admitem votar no partido de André Ventura, 15% dos indivíduos entre 35 e 64 também. O Chega entra muito pouco nos maiores de 65. Apenas 7% dos inquiridos com 65 ou mais anos admitem votar Chega.

Ao contrário do PS e do PSD, em que é irrelevante para o voto o facto de os inquiridos serem mulheres ou homens, o eleitorado do Chega é essencialmente masculino – há uma clara preponderância de homens (18%) a dizer que votam Chega face a uma minoria de mulheres (8%).

O eleitorado mais velho é também o mais forte para a CDU, onde aparece como o quarto partido mais votado, com 2%. As intenções de voto neste escalão etário dos 65 ou mais anos nos outros partidos são irrelevantes – menos de 1% admitem votar no Bloco de Esquerda, Iniciativa Liberal, Livre ou PAN.

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