Sondagem: AD com 35% reforça vantagem sobre o PS. Montenegro melhor primeiro-ministro

Aliança Democrática sobe três pontos e com os 6% da IL consegue o resultado que deu maioria absoluta ao PS em 2022. Socialistas só crescem um ponto, ficando nos 29%. Chega desce, mas tem 17%.

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Luís Montenegro é o preferido para primeiro-ministro Nuno Ferreira Santos
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Se as eleições fossem hoje, a Aliança Democrática (AD) sairia vencedora, com 35% dos votos. Esta é a estimativa da sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de opinião (Cesop) da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1, mostrando que a aliança que junta PSD, CDS e PPM tem mais intenções de voto do que no último estudo, publicado em 5 de Fevereiro, quando tinha 32%.

O crescimento da aliança de direita no universo de inquiridos não impede que se identifique um (ainda que menor) crescimento do PS. Em estimativa – ou seja, com distribuição dos votos dos indecisos –, o PS sobe um ponto percentual, de 28% para 29%. Em intenção directa de voto, passa de 20% para 22%.

Mas é a subida da AD a mais expressiva: em intenção directa de voto passa mesmo de 23% para 27%, posicionando-se claramente à frente do PS.

No entanto, a estimativa de voto da sondagem admite que, tendo em conta a margem de erro, o melhor resultado do PS (32%) é idêntico ao pior resultado da AD, com a mesma percentagem.

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O Chega mantém-se como o terceiro partido, mas perde votos entre os inquiridos. A estimativa dá ao partido de André Ventura 17%, caindo dos 19% da sondagem anterior. Em intenção directa de voto, o Chega recua de 14% para 13%.

A Iniciativa Liberal e o Livre não registam variações relativamente ao início do mês. A IL mantém uma estimativa de 6% (4% em intenção directa de voto) e o Livre de 3% (2% em intenção directa).

O partido de Rui Tavares surge à frente do PCP, tal como já tinha acontecido na estimativa da última sondagem. Os comunistas obtêm 2% com distribuição de indecisos, mas em intenção directa de voto descem de 2% para 1%, ficando – neste capítulo da intenção directa de voto – ao nível do PAN, também com 1%. A estimativa mantém o PAN com 1%, mas coloca o PCP nos 2%.

O Bloco de Esquerda cai de 5% para 4%, na estimativa de resultados. Se olharmos para a intenção directa de voto, o cenário é pior: passa de 4% para 3%.

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A queda do Bloco de Esquerda pode explicar-se pelo voto útil – alguns votos “bloquistas” representados na última sondagem poderão ter-se transferido para o PS: os socialistas sobem um ponto e os bloquistas perdem um ponto.

Da mesma maneira, a queda do Chega pode também explicar, em parte, a subida da AD: na estimativa, o Chega perde dois pontos percentuais e a AD aumenta três. Tudo indica que o apelo ao voto útil continuará a marcar a campanha para as legislativas de 10 de Março e que já se possa estar a verificar o efeito. Luís Montenegro disse esta semana que “o voto de protesto beneficia o infractor, beneficia o Partido Socialista”.

Este estudo do Cesop mostra ainda que a AD e a IL – forças que admitem um entendimento pós-eleitoral – somam 41% das estimativas de resultados calculadas a partir das intenções de voto, um valor em linha com os 41,37% que em 2022 garantiram a maioria absoluta do PS. Contudo, este não é um número mágico para alcançar uma maioria absoluta, que depende de vários factores – por exemplo, a dispersão de votos ou a distância entre primeiro e segundo classificados. Mas dada a polarização parlamentar que as sondagens antecipam, se AD e IL registassem votos em torno dos 41% e a coligação de Montenegro conseguisse uma vantagem de pelo menos 10 pontos para o PS (o que não acontece nesta sondagem), esse seria um cenário possível e que permitiria retirar o Chega da equação no que diz respeito a uma solução governativa de direita.

Os 41% de AD e IL superaram o bloco de forças de esquerda (sem contar com o PAN, que admite acordos à esquerda e à direita), que somadas não vão além de 38%.

Montenegro melhor primeiro-ministro

Os inquiridos preferem Luís Montenegro a Pedro Nuno Santos para primeiro-ministro. E por uma grande diferença. À pergunta “Independentemente da sua preferência partidária, entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, quem seria melhor primeiro-ministro?”, 46% dos inquiridos apontam o líder do PSD, com apenas 34% a afirmarem ser o secretário-geral do PS. O “não sabe/não responde” foi a escolha de 20% dos inquiridos.

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Relativamente à última sondagem da Católica, Montenegro aparecia mais bem colocado em quase todas as “qualidades” – “competência”, “honestidade”, etc. –, mas Pedro Nuno aparecia à frente, embora por pouco, na pergunta “Qual seria melhor primeiro-ministro?”. Em menos de um mês (a última sondagem é de 5 de Fevereiro), as posições inverteram-me, mas, agora, Luís Montenegro está bastante à frente de Pedro Nuno Santos.

Há vários dados que apontam para o favoritismo da AD neste momento. Além de a estimativa de resultados mostrar que a aliança PSD-CDS-PPM está seis pontos percentuais à frente do PS (35% versus 29%), de Luís Montenegro ser favorito para primeiro-ministro, atingindo mais 12 pontos percentuais do que Pedro Nuno Santos (46% versus 34%), há ainda uma outra pergunta que confirma a vantagem da Aliança Democrática.

Na clássica questão sobre a previsão de voto (“Independentemente das suas preferências, qual é que acha que vai ser o partido mais votado?”), a AD fica à frente do PS. Quarenta e um por cento dos inquiridos acham que será a coligação PSD-CDS-PPM a ganhar as eleições, enquanto 38% apostam que será o PS. Há 4% dos inquiridos que apontam o Chega como possível partido mais votado nas legislativas. E 17% dos inquiridos não sabem ou não respondem. Esta é uma percentagem "ainda elevada", diz o Cesop, embora "menor" do que nas anteriores sondagens da Católica.

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15% viram todos os debates

O trabalho de campo da sondagem foi feito nos dias 19, 20 e 21 de Fevereiro. Ou seja, uma parte dos inquiridos não podia avaliar o debate da última segunda-feira, dia 19, entre o presidente do PSD e o secretário-geral do PS.

No entanto, a sondagem indica que mais de dois terços (70%) dos inquiridos avaliaram o frente-a-frente, com 33% a afirmarem não terem visto o confronto entre Montenegro e Pedro Nuno. À pergunta “Quem é que ganhou o debate?”, 26% dos inquiridos afirmam que foi Pedro Nuno Santos e 22% dizem ter sido Luís Montenegro. O empate entre os dois é a escolha de 10% do universo, 4% acham que “nenhum” venceu e 6% “não sabem ou não respondem”.

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Entre os inquiridos pela sondagem, 24% estiveram totalmente alheados dos debates entre os líderes partidários, enquanto 15% assumem ter assistido a todos os frente-a-frente. “Quase todos” foi a resposta de 14%, 5% viram “mais de metade”, 13% “cerca de metade” e 20% “menos de metade”. A mesma percentagem de inquiridos, 20%, admitiu ter visto “um ou dois”.

Apesar de haver mais inquiridos a considerar que foi Pedro Nuno Santos a vencer o debate, tal não impediu a AD de crescer nas intenções de voto e Montenegro de disparar nas avaliações sobre quem será “melhor primeiro-ministro”. A diferença entre os que acham que foi Pedro Nuno a ganhar para os que defendem que foi Luís Montenegro é de apenas quatro pontos percentuais.

Se a intenção de votar correspondesse aos resultados da abstenção a 10 de Março, os resultados seriam animadores em termos de afluência às urnas. Oitenta e três por cento dos inquiridos dizem que “de certeza que vão votar” e 10% que “em princípio vão votar”. Se esta amostra corresponder ao que se vai passar no dia das eleições, poder-se-ia prever uma muito baixa abstenção: apenas 4% “não sabem se vão votar”, só 2% “não tencionam ir votar” e 2% “de certeza que não vão votar”.

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