Adesão da Suécia: NATO avisa Hungria que há limites para a paciência

Aliados aumentam pressão sobre Viktor Orbán e dizem que “chegou a hora” da Suécia se tornar o 32.º membro da NATO.

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Jake Sullivan e Jens Stoltenberg esta quarta-feira em Bruxelas EPA/OLIVIER MATTHYS
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O recado que saiu do quartel-general da NATO, em Bruxelas, para o Parlamento de Budapeste, esta quarta-feira, não deixou margem para dúvidas sobre o nível crescente de descontentamento e intolerância dos aliados com as manobras políticas do Governo da Hungria, que ainda não fixou uma data para a conclusão do processo de ratificação da adesão da Suécia, que alarga a fronteira da aliança com a Rússia e assegura o seu domínio sobre o mar Báltico.

“A nossa paciência não pode ser ilimitada”, avisou o conselheiro para a segurança nacional dos Estados Unidos da América, Jake Sullivan, no final de uma reunião do Conselho do Atlântico Norte em que ouviu outros 30 aliados repetir que “está mais do que na hora da Suécia se tornar o 32.º membro da NATO”.

Depois de ultrapassadas as objecções levantadas pela Turquia, que encerrou o processo de ratificação há duas semanas, a expectativa era que a Hungria avançasse rapidamente com a votação, para que a bandeira da Suécia já fosse içada ao lado dos restantes membros da aliança na reunião dos ministros da Defesa da NATO marcada para o próximo dia 15 de Fevereiro.

Mas, inexplicavelmente, o acordo final da Hungria ficou “pendurado”. “É uma questão de credibilidade, mas também é uma obrigação da Hungria, dar este último passo para completar o processo parlamentar para a entrada da Suécia na NATO. Chegou o momento”, sublinhou Jake Sullivan, acrescentando que os Estados Unidos esperam que Budapeste assuma rapidamente uma “postura construtiva” que permita a “resolução deste assunto no mais curto prazo possível”.

Uma expectativa que é partilhada pelo secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. “O Parlamento húngaro vai retomar os seus trabalhos no fim de Fevereiro, e, portanto, espero que a ratificação seja aprovada e a Suécia seja um membro pleno da NATO dentro de algumas semanas”, pressionou.

Nem Stoltenberg nem Sullivan avançaram aos jornalistas qualquer razão ou argumento levantado pela Hungria para justificar o impasse. Os dois lembraram que o primeiro-ministro, Viktor Orbán, disse repetidas vezes que o seu país não seria o último a cumprir os procedimentos para o alargamento da NATO, e deixaram claro que nenhum aliado aceitará negociar quaisquer condições ou contrapartidas para a adesão do país nórdico.

No mesmo dia em que o Parlamento de Ancara votou para ratificar o protocolo de adesão da Suécia, o primeiro-ministro húngaro enviou um convite ao seu homólogo, Ulf Kristersson, para viajar até Budapeste para negociar a entrada do seu país na aliança atlântica. Viktor Orbán, que é o único líder da NATO que mantém relações com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, nunca antes colocara qualquer entrave à adesão da Suécia nem manifestou qualquer objecção ou sequer preocupação com a adesão da Suécia.

Da mesma reunião dos conselheiros de segurança do Conselho do Atlântico Norte saiu uma renovada mensagem de “unidade” e compromisso da NATO em apoiar a Ucrânia a combater a agressão da Rússia, com mais armamento e munições, e todo o tipo de capacidades de defesa e sistemas de guerra, dos convencionais aos tecnológicos.

Questionado sobre o impasse no Congresso para a aprovação do pacote de assistência à Ucrânia que foi proposto pela Casa Branca, no valor de 60 mil milhões de dólares, Jake Sullivan disse acreditar que vai ser possível fechar um acordo, uma vez que um número significativo de políticos republicanos sabe que “não há alternativa” ao apoio dos EUA.

“Não se trata de caridade, mas de defender os nossos interesses de segurança. Uma vitória da Rússia enfraqueceria a Europa e a América do Norte, e encorajaria a China, a Coreia do Norte e o Irão”, estimou o secretário-geral da NATO. Stoltenberg apontou mais uma vez para o “desafio crescente colocado pela China”, exprimindo preocupação com a possível cooperação militar entre Pequim e Moscovo, e condenou “as acções desestabilizadoras do Irão no Médio Oriente, incluindo o apoio a grupos terroristas”.

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