Israel anuncia terceira fase da ofensiva contra Gaza

Ministros da extrema-direita no Governo israelita voltam a defender uma nova ocupação permanente da Faixa de Gaza, com o regresso dos colonatos retirados em 2004.

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Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, quase 22 mil pessoas foram mortas desde o início dos bombardeamentos de Israel EPA/ABIR SULTAN

Quase três meses depois do início dos bombardeamentos diários na Faixa de Gaza, e dois meses depois da invasão terrestre do território palestiniano, a resposta de Israel aos ataques terroristas do Hamas, de 7 de Outubro de 2023, vai entrar numa terceira fase: uma campanha de ataques, nos próximos seis meses, direccionados ao que resta da resistência do movimento islamista e que vai permitir a retirada de alguns soldados e a desmobilização de reservistas.

O plano israelita foi avançado nesta segunda-feira pela Reuters, que cita um alto responsável do Governo de Israel. Segundo a agência de notícias, o responsável israelita — citado sob a condição de anonimato — afirmou que "a guerra vai continuar no enclave palestiniano até que a facção islamista seja derrubada", e anunciou que alguns dos soldados israelitas retirados de Gaza serão postos de prevenção para uma eventual nova frente contra o movimento libanês Hezbollah.

A concretizar-se, esta nova fase irá também permitir que muitos reservistas regressem às suas actividades na economia do país, severamente afectada pelas operações militares na Faixa de Gaza.

Segundo o Banco de Israel, o Produto Interno Bruto do país deverá subir apenas 1% em 2024, em comparação com uma previsão de 3% de crescimento em 2023. Vários analistas independentes admitem que a economia israelita pode mesmo contrair-se, com consequências semelhantes às registadas na sequência da pandemia de covid-19.

Sem necessitar de qualquer tipo de previsões, mais ou menos optimistas, a situação na Faixa de Gaza é incomparavelmente mais dramática do que em Israel.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza — controlado pelo Hamas —, pelo menos 21.978 palestinianos foram mortos e 57.697 ficaram feridos desde o início dos bombardeamentos israelitas, e quase dois milhões de pessoas foram forçadas a fugir das suas habitações. Em termos de danos materiais, cerca de metade dos edifícios da Faixa de Gaza e 70% das 439 mil habitações foram destruídas ou ficaram danificadas.

Nas últimas horas, dois ministros do Governo de Israel, ambos da facção mais extremista, vieram defender uma ocupação permanente da Faixa de Gaza e um regresso dos colonatos que foram evacuados em 2004.

O ministro das Finanças, o nacionalista ultra-ortodoxo Bezalel Smotrich, declarou no domingo que Israel "irá controlar a Faixa de Gaza de forma permanente, por forma a garantir a segurança".

"Isto será alcançado com uma presença permanente das forças de Israel e com o estabelecimento de colonatos judaicos, que são a espinha dorsal da segurança na Judeia e Samaria", disse Smotrich, referindo-se ao território da Cisjordânia.

Segundo o mesmo responsável, a sociedade israelita "está mais aberta a uma outra forma de pensar a segurança de Israel" após os ataques do Hamas de 7 de Outubro de 2023, que resultaram na morte de mais de 1200 pessoas.

Outra figura da extrema-direita israelita, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, reforçou esta segunda-feira os seus apelos a uma intensificação da guerra na Faixa de Gaza e propôs um plano com vista à "emigração" de palestinianos para outros países, para facilitar o regresso dos colonatos judaicos ao território.

No terreno, as Forças de Defesa de Israel anunciaram nesta segunda-feira o assassínio de Abdel Mesmah, o comandante do Hamas que liderou o ataque contra o kibbutz de Kissufim, a 7 de Outubro de 2023, que resultou na morte de oito residentes e seis trabalhadores estrangeiros.

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