ONU prevê aumento de deslocações com o conflito israelo-palestiniano

Cerca de 114 milhões de pessoas tiveram de abandonar as suas casas e mudar para outros territórios. Este é maior número de deslocações registadas em todo o mundo.

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A maior parte dos refugiados é acolhida por países com baixo e médio rendimentos. MOHAMED AZAKIR
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O alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, alertou para o facto de o conflito militar israelo-palestiniano vir a aumentar o número de expulsões e deslocações no território. O aviso foi deixado esta quarta-feira, dia 13 de Dezembro, em Genebra, enquanto os funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU), políticos e organizações de ajuda humanitária, se preparavam para iniciar a discussão sobre a crise mundial de deslocações, o Global Refugee Forum (Fórum Mundial para os Refugiados).

Cerca de 114 milhões de pessoas, em todo o mundo, foram expulsas das suas casas. Este número, que é um novo recorde mundial, inclui 40 milhões de refugiados que fogem de dezenas de conflitos activos, como os que estão a decorrer no Sudão e na Ucrânia.

O conflito israelo-palestiniano, que se iniciou a 7 de Outubro, provocou também a deslocação de 85% da população palestiniana.

“Está a desenrolar-se uma catástrofe humanitária de grandes dimensões na Faixa de Gaza e, até agora, o Conselho de Segurança não conseguiu pôr termo à violência”, afirmou Filippo Grandi, alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, no Fórum Mundial para os Refugiados, que se realiza de quatro em quatro anos em Genebra. “Prevemos um aumento do número de mortes e das expulsões forçadas que ameaçam a região.”

O alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados também instou a comunidade internacional a não esquecer todas as outras crises que estão a promover expulsões e deslocações. “Embora a atenção continue e deva continuar a centrar-se em Gaza, tenho um apelo a fazer: por favor, não percam de vista as outras crises humanitárias e de refugiados que são prementes”, disse.

Espera-se que os participantes no Fórum Mundial para os Refugiados, que decorre até sexta-feira, definam compromissos em relação aos problemas principais dos refugiados, como a educação e o retorno voluntário das pessoas aos seus países. Segundo a informação avançada, apenas 60% das crianças refugiadas estão inscritas nas escolas.

Filippo Grandi espera ainda que também haja promessas de financiamento para a agência da ONU, que tem um défice de 400 milhões de dólares para 2023 (cerca de 370 milhões de euros). O comissário sublinhou que existe uma “grande incerteza” em relação aos apoios que podem receber até 2024 por parte dos patrocinadores da Nações Unidas para os Refugiados.

Em entrevista, antes do início do encontro, Filippo Grandi revelou que algun políticos ocidentais estão a tornar-se menos acolhedores face ao afluxo de refugiados. O comissário acrescentou que os países que recebem estas pessoas não devem desvalorizar estes cidadãos.

“Lembremo-nos que a maior parte dos refugiados – 75%, para ser mais exacto – é acolhida por países com baixo e médio rendimentos, que muitas vezes já lutam para sustentar e cuidar dos seus próprios cidadãos”, afirmou.

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